De uma maneira breve, vida é tudo o que se passa no transcurso entre o nascimento e a morte. Ou seja, aquilo que se desenrola no tempo e no espaço que foi destinado a cada um de nós para rodar por estes pagos.
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Não é de hoje que a maioria dos seres humanos desenvolve uma relação conturbada com o tempo.
Muitos de nós passamos uma parte da infância torcendo pelo avanço dos anos, que permite chegar à época de fazer algumas coisas para as quais a pouca idade não nos habilitava: sentar no banco da frente do carro, ter a liberdade de sair sozinho pela rua, o direito de fazer a primeira escolha pelo voto, dirigir o carro e ingressar na faculdade para a tão almejada carreira.
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Adultos, percebemos que aquele tempo que andava a passos lentos na infância agora corre de tal forma que não damos conta de todos os deveres que temos a cumprir. Depois de entender que este é um caminho sem volta, passamos a sonhar com a fase seguinte – a prometida melhor idade, a era do usufruto -, sem suspeitar que ao alcançá-la, um novo problema nos acometerá: a escassez de passatempo para ocupar horas infindáveis, uma semana após a outra, sem ter ações concretas a desenvolver.
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Se a afinidade com o tempo não é das melhores, desde que a conectividade chegou aos dispositivos móveis (e estes se tornaram tão inseparáveis quanto qualquer um dos membros do corpo), começamos a desenvolver também nosso descontentamento com o espaço. Temos sempre a sensação de estar no lugar errado. É o que indicam as constantes consultas às redes sociais, mostrando algo bem mais interessante num espaço de tempo diferente do que temos em volta.
Este algo bem mais interessante, que rouba nossa atenção, pode estar em uma lembrança do passado que a rede evoca; na troca de mensagens incessantes e inadiáveis sobre algum acontecimento do futuro próximo; ou até no presente distante, aquele que ocorre longe o suficiente de onde estamos para que não possa vir a ser acessado.
Engolidos pela enorme oferta de informação e interação que a tecnologia nos proporciona, tornamo-nos distantes do aqui e agora. Perdidos no tempo e no espaço. Ausentes da vida.