Era uma das primeiras horas de uma dessas frias manhãs de inverno, quando deixei o prédio da Biblioteca Municipal de Joinville e me deparei com uma bela cena de leitura, que grudou em minha memória antes de se transformar nesta crônica: o Sol, o menino e o livro. O barulho dos carros e das pessoas que circulavam a sua volta parecia não atrapalhar a atividade que desenvolvia com prazer.
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Ao invejar sua concentração e disponibilidade para diminuir o impacto da baixa temperatura viajando pelas páginas de uma história sob as bênçãos do Sol, lembrei-me de uma reportagem lida na véspera, no Portal Exame, sobre o impacto positivo da literatura na longevidade.
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No estudo “Um capítulo por dia”, realizado ao longo de 12 anos na Universidade Yale, nos Estados Unidos, foram acompanhados os hábitos de leitura de 3.635 pessoas com mais de 50 anos, classificadas em três grupos: os não leitores, os leitores (que destinavam até três horas e meia por semana para a atividade) e os superleitores (que superavam esta média de 30 minutos diários).
Os resultados indicaram que quem lia até três horas e meia por semana tinha 17% menos chances de morrer antes dos 62 anos do que quem não lia nada; e quem fazia parte do grupo dos superleitores tinha 23% menos chances de partir desta para outra no mesmo prazo.
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Provavelmente, meu menino que lia sob o Sol ainda desconhecia os resultados da pesquisa de Yale – ou, tão distante dos 50 anos, talvez desse pouca importância ao levantamento acaso eu não segurasse meu impulso de interromper sua leitura para informá-lo a respeito. No momento, não tive coragem, e não me arrependo.
Apesar de sua pequena ignorância sobre esta recente descoberta da ciência, ali, sob a proteção do astro maior que garante nossa vida na Terra, e na confortável companhia de um livro que deve ter escolhido minutos antes nas estantes da Biblioteca Rolf Colin, ele já desfrutava de um dos mais nobres pensamentos de Fernando Pessoa (lembrado na última semana pelo professor Felix José Negherbon, diretor do Colégio Elias Moreira por 35 anos, em entrevista para “A Notícia”): “O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso, existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.”