O medo, um dos grandes males da civilização, está mais presente na nossa rotina do que muitas vezes podemos supor. Ele se manifesta por diversos motivos, muitos dos quais se traduzem no receio de ser confrontado com um gesto, ou com uma pequena palavra, que parece colocar à prova nossas convicções mais profundas: receber um não.
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– Não concordo, não aprovo, não quero, não sei…
Quem, diante de uma possibilidade negativa, não pensa duas vezes antes de arriscar uma afirmação sobre uma questão delicada, uma atitude polêmica ou um convite passível de ser negado? Poucos (infelizmente).
O não é algo a que precisamos estar abertos a ouvir e aprender a dizer, para preservar o que de mais autêntico existe em nós, a essência de nosso caráter.
Enfrentar as questões do dia a dia com a certeza de que o não, quando vier, será absorvido sem traumas e sem culpas é uma opção que liberta. Um ato de coragem, que precisa ser cultivado e amadurecido, já que é muito mais fácil seguir a opinião dominante, falar sobre coisas que a todos agradam e evitar indispor-se com aqueles que convivem conosco do que correr o risco de remar contra a maré.
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Talvez o número de “nãos” ouvidos na infância (quando precisamos conhecer os bons modos para nos inserir na sociedade e agir de forma a garantir nossa integridade física) tenha criado tal aversão à palavra. E então, à medida que nos tornamos jovens e adultos, perdemos a condição necessária para ouvir um não de cabeça erguida. Porque acreditamos já dispor de informações suficientes para fazer proposições assertivas e evitar o tapa na cara que o não quase sempre representa. Mas por que tem que ser assim? E se optarmos por sermos mais fiéis à nossa intuição do que ao medo que nos ronda?
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Quem já experimentou correr o risco de receber (ou dizer) não pode perceber que a vida muda de perspectiva e a confiança cresce. Que o cardápio de possibilidades com probabilidade de fazer soar a palavrinha tão temida é muito maior, mais diversificado e interessante do que a simples segurança que o sim representa.
Basta partir do pressuposto de que o não nós já temos, que ele não vai interferir em nossa autoestima. E, claro, ter humildade e coragem de tentar as mesmo que escassas possibilidades de um sim.