Cerca de 50% dos postos de trabalho serão automatizados até 2050, aponta estatística do Fórum Econômico Mundial. A sentença, que assusta num primeiro momento, torna-se plausível quando olhamos o passado. Quem já passou dos 40 viveu uma série de mudanças no ambiente profissional.
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O primeiro curso técnico que fiz, nos anos 80, foi datilografia. Aprendia-se, com muito treino, a utilizar a máquina de escrever (ancestral do computador) com os dez dedos posicionados no teclado. Habilidade e rapidez nesta tarefa constituíam uma profissão e foram decisivos no concurso para o meu primeiro emprego como bancária. Além de datilografar memorandos, separava os tíquetes-alimentação (de papel) para os funcionários, fazendo manualmente os descontos de férias e afastamentos. Cursei quatro anos da faculdade de jornalismo — e passei por algumas redações — aperfeiçoando minha performance datilográfica.
Quando comecei na comunicação empresarial, vivíamos a aurora dos computadores pessoais. Os PCs eram máquinas simples, sem conexão umas com as outras. Para compartilhar um texto das publicações com o editor era preciso gravar o arquivo em um disquete, levantar da cadeira para fazer a entrega. Entre editor e diagramador, repetia-se o processo. Já o envio dos arquivos para a gráfica envolvia a infraestrutura viária, com o indispensável apoio de um motorista.As fotografias eram em preto e branco e tínhamos um laboratório fotográfico in company para a revelação, um processo artesanal. Sem a presença de celulares e da internet, a telefonista era a santa salvadora da conexão do mundo externo conosco (e vice-versa).
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Muitas das funções descritas até agora foram extintas. Não existem mais datilógrafos e laboratoristas; tíquetes-alimentação são eletrônicos, telefonistas foram substituídas por centrais digitais. E motoristas, assim como entregadores de jornais e revistas impressos, são cada vez mais raros.A projetada extinção de postos de trabalho não é novidade, mas acelerou-se. E independe de nossa vontade. Se há algo que está ao alcance de cada um de nós em relação ao futuro do trabalho é a busca de propósito: tornar a atividade profissional prazerosa para nós e significativa para um grupo maior de pessoas. Colocar o trabalho dentro da vida. E não o contrário.
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