O leitor apressado, que consome as manchetes do jornal enquanto sorve uma xícara de café com leite (e entre um gole e outro mastiga os nacos de uma fatia de pão), vai achar que a cronista se atrapalhou com o título daquela fábula de Esopo. Não é o caso. A lebre ficou fora porque a intenção não era apostar uma corrida e sim fazer uma daquelas contagens que um dia alguém disse que ajudavam a chamar o sono. A de carneirinhos, lembra?
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– Hum. Mas só sobrou um? E ele cresceu?
Pois é, leitor. Tome mais um gole de café enquanto eu explico. O protagonista desta história é a tartaruga, e o diminutivo não foi usado porque a autora ficou adulta (embora ainda acredite que precisa de histórias para dormir).
Ah, é bom deixar claro que o carneiro só aparece no título. Ele foi dispensado (mas desta vez não foi a crise). A questão é que o carneiro era muito rápido e acabava acelerando o cérebro em vez de acalmá-lo. Além disso, aquela ideia de pular o muro era muito perigosa e podia acabar em acidente, atrapalhando a história (e o sono).
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Importante explicar que, abolido o pulo, o muro também saiu do enredo. Foi substituído por uma ponte pênsil. Daquelas que havia nos parques, cuja graça era balançá-las muuiito durante a travessia, lembra? O quê? Você quer saber se não exagerei no muito? Claro que não. Segundo os engenheiros, todas as pontes têm que se movimentar para manter sua estrutura intacta, mas na maioria das vezes a gente nem percebe.
Voltando à nossa história para pegar no sono. Como as pessoas têm cada vez menos tempo (para se distrair com histórias ou para dormir), a ação foi abreviada. Uma tartaruga (no lugar do interminável rebanho de carneirinhos) atravessando uma ponte pênsil (que, infelizmente, balança pouco porque o bicho é muito leve e anda devagar). Esta cena acontece numa linda tarde de sol e a tartaruga resolve parar no meio da ponte para aproveitá-lo, sem pressa. O cenário estático ficou perfeito para o nosso objetivo (roncos).
No dia seguinte, quando o alarme toca, me sinto preocupada com o destino da tartaruga solitária, que ficou tomando sol na ponte pênsil. Meu instinto materno pergunta se ela chegou bem ao seu destino (o outro lado, suponho). Isto eu ainda não sei. Mas nesta noite, se ela não parar de novo no meio da ponte, eu descubro.