Uma das produções mais impressionantes do cinema norte-americano é a comédia dramática “O Show de Truman: o Show da Vida” (1998), dirigida por Peter Weir e protagonizada por Jim Carrey. No filme, Truman Burbank nasceu e vive dentro de um reality show transmitido pela TV para bilhões de espectadores no mundo, sem que tenha consciência de que é o único personagem que desconhece o contexto fictício em que está envolvido.

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Kim Jong-un é a terceira geração da dinastia que criou a Coreia do Norte, um reino que vive isolado do resto do mundo há mais de 70 anos. Se o produtor Christof controla os aspectos da vida de Truman no filme, o sistema em torno de Kim faz o mesmo com seus 25 milhões de súditos.

De acordo com a jornalista Suki Kim, sul-coreana naturalizada americana que passou seis meses dando aulas de inglês na Universidade para a Ciência e Tecnologia de Pyongyang e lançou um livro sobre sua experiência, na Coreia do Norte o governo decide tudo sobre o indivíduo: a carreira, a escola e as atividades.

Na universidade, frequentada pelos filhos homens da elite norte-coreana, tudo que é feito e ensinado deve ser aprovado, monitorado e gravado. “Os estudantes estão sob um sistema de supervisão constante e parecem mais inocentes que jovens de 20 anos de outros países. Não têm permissão de expressar curiosidade sobre o mundo exterior e isto os condiciona a aceitar o que lhes rodeia sem questionamentos”, diz.

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Segundo Suki, a televisão na Coreia do Norte tem apenas um canal, com muitos programas sobre o Grande Líder; há só um jornal, e os artigos publicados estão vinculados a ele; toda a rotina e o entretenimento funcionam para honrar o regime e a filosofia do sistema. “Nunca tinha imaginado que pudesse existir um controle tão grande. A realidade é pior do que se pode imaginar.”

Seguindo o enredo do “Show”, enquanto Truman começa a suspeitar de tudo o que ocorre ao seu redor e embarca em uma busca para descobrir a verdade sobre sua vida, Kim, encantado com o mundo que o venera e gira ao redor de seu umbigo, considera-se poderoso o suficiente para idealizar um programa nuclear “capaz de estabelecer o equilíbrio da força real com os EUA”, em suas próprias palavras.

E o mundo assiste, perplexo, a “O Show de Kim: o Show da Ilusão”.