É uma pena que o adjetivo mimado, na maioria das vezes, seja percebido como o resultado de uma ação negativa: o excesso de proteção, carinho ou zelo de uma pessoa, não raro pais ou avós, que acaba por desvirtuar o comportamento de um (ou muitos) de seus descendentes. Deveríamos dar mais atenção ao poder construtivo do mimo, começando por aquele feito em causa própria.
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Sim, o que acaba der ser dito é, de fato, o que se parece. Estou sugerindo que todos nós – você e eu – precisamos cuidar um pouco mais do próprio umbigo (com a certeza, óbvio, de que ele não é o centro do mundo, mas também é uma parte importante do universo).
Aliás, qual foi a última vez que você se permitiu um mimo? Em vez de pensar que admiti-lo será um ato puro de egocentrismo, amplie o seu olhar e perceba que mimar-se produz a fortaleza necessária não apenas para consumo próprio, mas também para cumprir seu papel no mundo – na família, no trabalho, na comunidade onde vive -, contribuindo de forma efetiva com aqueles que de alguma forma dependem ou se inspiram em você.
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O mimo em benefício próprio requer um olhar assertivo para o íntimo, a compreensão dos valores que nos movem, da trajetória que percorremos, de nossas preferências, frustrações e carências. Requer de nós o conhecimento prévio tanto das pequenas coisas que nos incomodam quanto de tudo aquilo que nos encanta e nos fala fundo na alma. Ou seja, exige um ato de compreensão – e, mais que isso, de aceitação e indulgência.
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Se a boa educação ensina que não só podemos, mas devemos agradar aos outros, por que não temos a obrigação que agir da mesma forma com nossos sentimentos? Cativar-se para elevar a autoestima. Ficar de bem com a vida para irradiar bons fluidos. Começar uma espiral positiva e virtuosa de dentro para fora. Afinal, qualquer um de nós só é capaz de transmitir para alguém aquilo que já tem em abundância consigo. Não é assim que funcionamos?
Mimar-se não significa subir um degrau acima dos que estão a sua volta. Pelo contrário, é preciso admitir uma boa dose de humildade para reconhecer-se frágil, carente de atenção e de carinho. Para entender que cativar-se é a primeira etapa para produzir a energia necessária para dar conta dos propósitos de vida.
Da próxima vez que ouvir que alguém é mimado, vou lhe dar os parabéns!