A paciência, nos dias de hoje, é uma virtude ameaçada de extinção, você já percebeu? Não é de se estranhar, já que tudo em nosso modo de vida parece conspirar contra a sua existência. Os mais jovens têm dificuldades, inclusive, de entender o significado de uma de suas parceiras mais próximas: a espera.
Continua depois da publicidade
Afinal, não vivemos mais dias de expectativa pelas coisas mais triviais, como a revelação em 10 x 15 das 36 fotografias do passeio de final de semana, ou a disponibilidade daquele filme superdisputado na prateleira de lançamentos da videolocadora. Também já não passamos horas de preocupação aguardando a chegada de alguém (que nos mantém informado sobre seu atraso e eventuais imprevistos pelo WhatsApp); ou por uma chamada telefônica que só se tornava possível quando os dois interlocutores, além de estarem ao alcance de um telefone fixo, conseguiam um pouco de privacidade, seja no orelhão da esquina ou no espaço mais frequentado dos lares onde se encontrava o único aparelho de propriedade da família.
Não precisamos mais do que alguns minutos para ter acesso àquela comida que deu uma vontade danada de saborear de novo. Isso pode ser feito com facilidade em um restaurante do tipo rodízio ou buffet, comprado pré-pronto no supermercado da esquina ou encomendado online em um fast food, com entrega em domicílio.
A tecnologia e as facilidades do mundo moderno promovem a urgência, favorecem o imediatismo e nos tornam cada vez mais viciados na pressa e no conforto. E tudo isso nos torna a cada dia menos tolerantes.
Nossa relação com o tempo virou uma prova constante de velocidade, na qual a rapidez nos permite ampliar o volume de atividades na rotina. Chegamos a sentir certo prazer em viver dias de quanto mais, melhor (e depois afirmamos não entender a origem e os motivos de nossa constante ansiedade).
Continua depois da publicidade
Leia as últimas notícias de Joinville e região.
Quanto mais curta a distância entre o desejo por algo e a sua conquista, menor é nosso grau de satisfação em obtê-la. Parece tão fácil e exige tão pouco esforço de nós, que acaba por perder grande parte de seu valor.
O elemento faltante nesta equação ensandecida na qual nos dispomos a viver não é o tempo – normalmente apontado como álibi de nossas angústias e frustrações. É, sim, aquela virtude quase extinta, lembra? Ela mesmo, a paciência!