Da origem delas, sabe-se apenas que surgem, embora não haja condições de precisar exatamente quando, onde e como (e apenas suspeite-se, algumas vezes, do porquê). Assim são as ideias, que se constroem um pouco a cada dia e, sem dono, ganham vida própria. Não poderia ser diferente: como o resultado de uma criação coletiva, haveria de ser colocado entre quatro paredes e atribuído a um único autor?

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Sendo, pois, livres de amarras como as raízes, as ideias ocupam espaços contíguos com facilidade e da mesma forma espalham-se rapidamente pelo mundo. Eis um dos segredos de sua perenidade através dos séculos.

Mas existem outros. Porque, de fato, ideias acompanham os homens desde os primórdios da humanidade. Ficam maduras, mas não envelhecem. Pelo que se observa, passam por constantes processos de renovação, modificando-se conforme as circunstâncias. Melhor dizer, agregam nuances que as ajustam ao que delas se espera a cada momento. Por isso, costuma-se ouvir que as ideias são versáteis. Constituem-se em autênticos frutos da evolução descoberta por Charles Darwin, que atribui a sobrevivência das espécies (e de seus agregados) aos mais capazes de se adaptar.

Adaptáveis, as ideias se propagam como pragas de vida fácil porque se tornam contagiosas no contato com simpatizantes, seguidores ou adeptos. Que são aquelas pessoas dispostas a defendê-las e compartilhá-las, garantindo, assim, sua perpetuação, apesar dos pequenos acréscimos e decréscimos que eventuais mudanças de cenário ou diferenças de gosto fazem por bem incorporar ou declinar.

Sabe-se, também, que as ideias são gregárias. Nunca estão desacompanhadas e, não raro, formam grandes famílias, sempre abertas à diversidade de propósitos e onde nunca falta espaço para acrescentar mais uma.

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Ideias são, ainda, assexuadas, você já percebeu? Com uma sutil alteração de grafia – mas uma considerável mudança de significado – e mais ainda de comprometimento, ideias transformam-se em ideais, defendidos com unhas e dentes.

Conquistando as mentes através dos tempos, ideias e ideais – livres, adaptáveis, versáteis, gregários e contagiosos – estão sempre dispostos a mudar de roupagem para evoluir sem transformar-se, mantendo sua essência através da história.