Às vezes, me perguntam onde um cronista busca inspiração para os temas publicados em seus textos. A resposta é: em muitos lugares e em lugar nenhum. São situações experimentadas ou observadas; fatos acontecidos ao longo da semana; reflexões que se originam a partir de palavras ou frases (ditas por alguém ou lidas em algum lugar); fotos, vídeos, curiosidades, objetos.

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Mas o que considero mais interessante neste processo de definir sobre o que escrever é que todos esses candidatos, de alguma forma, se oferecem como protagonistas das formas mais inusitadas.

No último domingo, o assunto me encontrou a partir de um olhar distraído sobre a pilha dos livros de cabeceira. Já fazia uns dias que ele estava lá, cumprindo seu papel de indicar o ponto onde eu havia interrompido minha leitura. A ideia para este texto foi um das dezenas de marcadores de páginas que coleciono há anos, junto com as histórias que eles trazem na memória. Além da experiência prazerosa de mediar as pausas de uma história (algumas das quais iremos lembrar pelo resto da vida), os marcadores têm seus próprios significados.

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O que se tornou o estopim para esta crônica, por exemplo, foi esculpido em aço a partir de uma delicada técnica medieval que tive oportunidade de conhecer em Toledo, uma das cidades mais antigas e encantadoras da Espanha. Recentemente, descobri que preciso deixá-lo em casa se for submetida a detectores de metais, pois a forma levemente pontuda de uma de suas extremidades – para olhares voltados à segurança – faz supor que ele talvez não seja um instrumento tão inofensivo quanto parece.

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Alguns exemplares de minha coleção têm sua riqueza nos materiais ou técnicas a partir dos quais são construídos: renda, palha de milho, fibra, couro, metal, feltro, palitos de picolé, ímã, patchwork e origami.

Outros chamam a atenção por paisagens ou frases emblemáticas que estampam. Mas tem um grupo que se supera em criatividade, talvez porque revele a verdadeira atração destes colecionáveis para uma amante da leitura.

Produzidos para divulgar uma edição da Feira do Livro de Porto Alegre, estes marcadores trazem imagens que nos convidam a ingressar de corpo e alma no universo da literatura. Seja mergulhando como um nadador, sendo puxado pela mão de um monstro ou seduzido pela magia de uma varinha de condão.