É preciso confessar que esta crônica foi escrita no último domingo, pouco depois das duas e meia da tarde. Ou seja, ainda sob forte influência da emoção que o assunto escolhido costuma provocar na autora (e pelo que tenho ouvido, também em muitos interlocutores). Feito o mea-culpa para deixar claro que este texto não tem qualquer compromisso com algum tipo de isenção em relação ao tema, vamos a ele.

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Gostaria de começar com uma pergunta indiscreta (cuja resposta o leitor não precisa expor nas redes sociais): quem não gosta de colocar à flor da pele sua sensibilidade diante de algo que causa arrepios no corpo e enche os olhos de lágrimas? Pois é o que tenho me permitido logo após o almoço de domingo, assistindo ao programa “The Voice Brasil/Kids” – um concurso para pequenos talentos da música, entre nove e 15 anos.

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Todo concurso tem embutida a essência da competição, e este não é diferente. Não há vagas para todos. A cada semana, se uns são conduzidos à próxima fase, é necessário que outros se despeçam.

Minha admiração começa pelo carinho e respeito demonstrado pelo júri – composto pelos cantores Carlinhos Brown, Ivete Sangalo e a dupla Victor & Leo – em relação aos candidatos não aprovados. Eles são recebidos com tal acolhida, que se despedem do palco valorizando a satisfação de ter participado daquele momento, apesar do resultado.

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Depois da etapa inicial de seleção das vozes que vão compor os times de cada um dos técnicos, começam as batalhas entre os candidatos. Três crianças cantam a mesma canção, e apenas uma delas continua “representando” as demais na competição. Os outros dois são dispensados.

Esta fase, em especial, traz um elemento que muito me comove: o envolvimento e a colaboração que se estabelece entre os pequenos participantes, de uma grandeza de espírito que supera a disputa e proporciona ao público uma apresentação memorável.

Ciências como a biologia e a história mostram que a evolução da humanidade ao longo dos séculos deve muito ao equilíbrio entre estas duas forças, a competição e a colaboração. A realidade, no entanto, quase sempre mostra o quanto colaborar é uma atitude ausente em um mundo tão marcado por disputas. A existência dela de forma inocente e sincera no palco do “The Voice Kids” é o grande aprendizado que as crianças nos proporcionam.