Simone Aparecida de Lima tem 33 anos. Há 21 anos, saiu de casa para se casar. Tinha 12 anos. Ela conta este episódio e sorri. É quase como se pedisse desculpas pela surpresa que provoca. Ela 12, ele 16. Decidiram que já era hora e foram morar juntos. Isso foi em Capitão Leônidas Marques, cidade de 16 mil habitantes localizada no Paraná, de onde vieram há cinco anos.

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– Minha mãe trabalhava muito, quase não podia conversar com a gente. Eu comecei a namorar e quis casar. Ele já trabalhava como músico e tinha saído da escola, então fomos morar juntos – recorda.

Quando casou, Simone estava na quinta série. Não voltou mais para a escola para se formar. Assumiu a casa e o papel de esposa, depois o de mãe de três meninos, hoje com 18, 16 e 13 anos. Tentou trabalhar fora quando os filhos cresceram: durante um mês saiu às 3h30 do loteamento Juquiá, no bairro Estevão de Matos, para começar às 5 horas na cozinha de um restaurante industrial.

Desistiu e passou a oferecer serviço de manicure em casa, até que ficou sabendo do projeto da Univille que, em parceria com a Secretaria de Assistência Social, buscava mulheres da região que tinham interesse em cursar oficinas de costura ou de gastronomia.

Simone não teve dúvidas: se inscreveu nas duas e preencheu a semana de educação. Entre julho e setembro, ela passou todas as tardes da semana na Univille, exceto nas quintas-feiras. Nas segundas, quartas e sextas, ela aprendia técnicas de panificação e confeitaria. Nas terças, começava a conhecer métodos de modelagem e costura, os primeiros níveis da oficina do projeto Sempre Viva.

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– Eu já sabia fazer alguma coisa de artesanato porque aprendi com a minha mãe. Mas quis fazer o curso porque gosto de sair, de aprender – afirma ela.

Estar entre os bancos da escola, onde permanece até o fim do ano – as aulas de panificação já terminaram, mas as de costura ocorrem até dezembro – inspira Simone a querer mais. Ela agora sonha com mais clareza para o futuro: quer continuar fazendo moda, quem sabe até criar uma marca de roupas.