Anemarie Dalchau

Economista e professora da Univille

O mercado de trabalho, entre abril e maio, se não cresceu, pelo menos diminuiu o ritmo de queda. Já a diferença salarial entre um profissional demitido e outro admitido baixou em torno de 13%. Isso significa que um salário médio de R$ 2 mil valerá, para recontratação, R$ 1.740. Considerando ainda que a inflação média dos últimos 12 meses é de 9%, esse salário terá o poder aquisitivo menor que R$ 1,6 mil. Os dados são do Caged.

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Essa situação, com certeza, provoca enorme assimetria entre a renda recebida no mercado de trabalho e as finanças pessoais. O resultado está no aumento do endividamento das famílias, que, em muitos casos, terão de rever ou reavaliar o orçamento doméstico, trocando produtos ou marcas habituais por outras similares e mais baratas ou, até mesmo, excluir itens da lista. E onde está a simetria?

A simetria está justamente entre as finanças e o endividamento. Não é necessário ser economista para compreender a correspondência existente entre suas finanças pessoais e toda a economia. Queda na renda resulta em problemas financeiros para as pessoas.

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Além disso, nem sempre é possível ajustar, no curto prazo, o orçamento familiar à nova realidade salarial. Há grandes diferenças entre tomar decisões financeiras no âmbito do planejamento de opções de gastos de longo prazo – compra de uma casa, por exemplo, que será paga em 25 anos – e gastos de curto prazo – compra de itens como alimentação, transportes, educação etc.

A atual conjuntura macroeconômica desfavorável tem afetado muito a microeconomia, onde é analisado o comportamento individual das famílias e empresas. O mercado de trabalho, diz o Caged, aponta, no curto prazo, para o aumento do desemprego. Por isso, este é um momento que requer muita atenção e planejamento. Empregar a renda recebida de forma equitativa entre os gastos e a necessária formação de poupança para cuidar do futuro requer uma relação equilibrada entre a racionalidade e a emoção.

Em economia comportamental, os desejos são infinitos e estão diretamente ligados às emoções. Porém, a escassez de recursos nos obriga a pensar racionalmente. São escolhas, decisões de como, onde e com o que gastar os parcos recursos em momentos de crise.