Localizado no Centro de Lages, na Serra Catarinense, e com 100 anos de existência, o Grupo Escolar Vidal Ramos, conhecido como Colégio Rosa, símbolo da educação brasileira e da história de Santa Catarina e marco da atuação de um dos principais políticos que o Estado já conheceu, será totalmente revitalizado para, em breve, voltar a fazer jus à sua importância.

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Era 1911 quando o governador Vidal Ramos, patriarca da família lageana Ramos, que por quase sete décadas comandou a política catarinense, com quatro governadores entre 1902 e 1966 (Vidal, Aristiliano, Nereu e Celso) e um presidente da República (Nereu, de 11 de novembro de 1955 a 31 de janeiro de 1956), importou de São Paulo um modelo de educação revolucionário no Brasil.

A proposta consistia em erradicar o analfabetismo com mais horas de atividade escolar, ensino de pedagogia e psicologia, aulas práticas, celebração de datas cívicas, carteiras enfileiradas, séries divididas por idades e a existência de um diretor e um professor para cada turma.

Assim, surgiram os Grupos Escolares. Em seu segundo mandato à frente do Estado, Vidal Ramos construiu sete unidades em seis cidades ? Blumenau, Florianópolis, Itajaí, Joinville, Laguna e Lages.

A escola foi inaugurada em 20 de maio de 1912 e tinha laboratórios de física e química, sala de história natural, biblioteca, ambientes para ginástica, galpões de recreio e outras benfeitorias para os 200 alunos e 12 educadores que deram início àquela história.

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Era, sem dúvida, uma das mais modernas e bem equipadas instituições de ensino do Estado. Tombado pelo patrimônio público estadual em 1984, desde então o Colégio Rosa não recebe uma reforma completa com pintura.

Com a construção de uma nova escola para onde todos os 32 professores e 450 alunos do ensino fundamental foram transferidos, o prédio localizado entre as ruas Frei Rogério e Benjamin Constant, bem no Centro de Lages, fechou as portas no dia 29 de julho de 2011, 99 anos após a sua inauguração. E agora, com a revitalização completa prestes a ser iniciada, voltará não como escola, mas como um centro cultural digno da sua história e imponência.

Revitalização vai respeitar as características originais

De arquitetura eclética do início do século 20, o Colégio Rosa será revitalizado por R$ 5,9 milhões. A ordem de serviço foi entregue nesta quinta-feira pelo governador Raimundo Colombo. As obras iniciarão já nos próximos dias e têm prazo de um ano para ser concluídas.

O projeto foi desenvolvido durante nove meses pela empresa Occa Arquitetas Associadas, de Florianópolis, com a proposta de transformar o prédio em um centro cultural sem alterar as características originais.

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A arquiteta responsável pelo projeto, Vanessa Maria Pereira, explica que as principais adaptações serão para atender às exigências de acessibilidade e higiene, com uma plataforma de acesso inclinada e um elevador vertical interno.

Jardins externos, salas de recreação infantil, aulas de música e dança, oficinas de artes, exposições artísticas, museu, jogos de mesa, espaço para leitura e acesso à internet, bistrô com comidas típicas da região, auditórios e até um cinema contemplam o projeto.

? O colégio é único por sua imponência e importância simbólica. É uma edificação muito bem construída, erguida em alvenaria auto-portante de blocos cerâmicos maciços, travados com uma estrutura metálica, composta por trilhos de trem e tirantes. A edificação é toda muito ornamentada, desde o desenho dos forros, a escada principal, elementos decorativos nas paredes, esquadrias. Todos esses elementos serão restaurados, recuperados, para que possam ser vistos pela população catarinense ?, conclui a arquiteta responsável.