A Polícia holandesa recebeu “uma informação concreta” de seus colegas espanhóis sobre um projeto de atentado na sala Maassilo de Roterdã, o que provocou o cancelamento do show do grupo de rock Allah-Las – anunciou a corporação nesta quinta-feira (24).

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“Havia uma informação concreta de que nesse dia se cometeria um atentado nesse lugar, contra esse grupo de rock”, declarou o chefe de Polícia de Roterdã, Frank Paauw, referindo-se aos californianos Allah-Las.

Depois do cancelamento de última hora, provocado por uma advertência da Polícia espanhola recebida às 17h30 locais (12h30, em Brasília), duas pessoas foram presas.

Um morador de 22 anos de Brabante, província do sul do país, foi detido nesta quinta, às 2h locais como “suspeito de estar envolvido na preparação de um atentado terrorista”, relatou Paauw.

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Outro homem, motorista de uma van com placa espanhola que transportava “certa quantidade” de botijões de gás, foi detido horas antes. Ainda há dúvidas sobre seu envolvimento.

Essas detenções acontecem um meio a um clima de alta tensão, seis dias depois de dois atentados com veículos na Catalunha, nordeste da Espanha. Ambos foram reivindicados pelo grupo Estado Islâmico (EI) e deixaram um total de 15 mortos e mais de 120 feridos.

As conexões internacionais da célula integrada em boa medida por marroquinos e responsável pelos atentados nas Ramblas de Barcelona e no balneário de Cambrills da costa catalã estão sendo investigadas para seguir o rastro de seus movimentos na França e na Bélgica.

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Não se sabe se essa pista foi enviada antes, ou depois, dos atentados na Catalunha, e se incluía detalhes sobre como o atentado seria executado, disse hoje à AFP uma porta-voz da Guarda Civil espanhola.

– ‘Pessoa errada no lugar errado’ –

O motorista da van com placa espanhola foi detido às 21h30 locais, alegando que “errou o caminho mais de duas vezes”, a 100 metros de Maassilo, informou Paauw.

“Parece que, mais do que com terrorismo, topamos com o homem errado, no lugar errado, na hora errada e com o conteúdo errado em seu veículo”, disse o chefe da Polícia de Roterdã, falando em “muita falta de sorte”.

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Esse indivíduo, que continua detido e voltará a ser interrogado hoje, “parecia sob efeito do álcool”, segundo a Polícia.

É técnico de profissão e tinha uma autorização para o transporte de botijões de gás, a qual está sendo investigada.

A equipe do Esquadrão Antibombas que revistou o veículo “não encontrou nada junto aos botijões”, e a batida em sua residência “não estabeleceu, por enquanto, qualquer vínculo com a ameaça terrorista no Maassilo”, acrescentou.

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A Guarda Civil espanhola descartou que o indivíduo da van com botijões “fosse cometer um atentado dessa forma”, disse a porta-voz.

“Acreditamos (…) que, se havia uma ameaça, não vinha desse veículo”, completou.

– Um nome ‘sagrado’ –

O grupo Allah-Las, que se apresentaria às 20h30 em Roterdã, deixou Maassilo sob escolta policial, segundo Ahmed Aboutaleb, primeiro prefeito do país descendente de imigrantes e muçulmano.

Os quatro membros da banda foram retirados do lugar vestidos com os coletes. Em um comunicado recebido pela AFP, disseram estar “sãos e salvos e muito gratos à Polícia de Roterdã e a outras agências por terem detectado a ameaça potencial antes que alguém fosse ferido”.

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Há um ano, o grupo chegou a declarar, em entrevista ao jornal britânico “The Guardian”, ter recebido e-mails de muçulmanos ofendidos pelo nome de “Allah-Las”, mas garantiu que “não era, de modo algum, nossa intenção”.

O nome teria sido escolhido – segundo eles -, porque queriam “um nome que soasse sagrado”.

“Temos esse nome há muito tempo, e não acho que possamos mudá-lo”, declarou o grupo, que se formou em 2008.

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Até o momento, a Holanda tem sido poupada da onda de atentados que aterroriza seus vizinhos europeus. As autoridades permanecem vigilantes, porém, em razão dos muitos alertas dos últimos meses e de informes indicando que indivíduos ligados aos atentados de Paris e de Bruxelas chegaram a entrar brevemente no país.

shm/jkb/me/me.zm/sgf/mb/tt

* AFP