Você sabe como são usados os dados gerados pela sua vida digital? Conhece os riscos e as formas de se proteger? Aliás, já pensou sobre todos os rastros na internet? Pois é exatamente para conscientizar as pessoas sobre esses dilemas que a ONG Social Good Brasil criou o “Cidadãos de Dados”, uma formação EAD que promete trazer esse universo, de forma acessível, para todas as pessoas.
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Para a coordenadora do projeto, Karoline Muniz, o desafio é tratar do assunto de forma simples, mas sem ser simplista: “Quando a gente fala de cursos de ciências de dados, todos falam de dados para negócios. São pouquíssimos que falam de dados para o pessoal. E fazem isso com todos aqueles jargões superdifíceis, que deixam a pessoa, já na primeira aula, desesperada, sem entender nada”.
Mas, claro, antes mesmo da discussão sobre como os dados são usados – riscos, potenciais usos benéficos e mesmo aplicações práticas – há um passo anterior. Afinal, hoje em dia, tudo é dado, tudo é metrificado. Então, quando você manda uma mensagem no WhatsApp, curte uma foto no Instagram ou mesmo quando faz uma compra no mercado usando o app para ganhar desconto, os sistemas sabem com quem você fala, quantas vezes ao dia, qual a quantidade do produto, se há recorrência na compra, que tipo de foto te engaja mais (fotos de comida, de bichos, de viagem… ). Nenhuma ação é sem objetivo. Todos os seus passos geram informação – dados. E esses dados, claro, têm um valor.
E, afinal, quais os riscos? E quais os direitos? Um dos módulos do curso fala sobre privacidade, ética e segurança de dados – mas não no nível empresarial, falando de Lei Geral de Produções de Dados (LGPD), mas numa esfera da vida da pessoa. “Por exemplo, se você vai numa farmácia, não tem problema dar suas informações se você quer aquele desconto. Mas você tem que saber para que aquilo vai ser usado. É para monitorar o seu consumo e melhorar o serviço da farmácia ou aquilo vai ser usado pela farmácia para vender e ganhar dinheiro e, na semana seguinte, você ficar recebendo ligação de telemarketing de uma de uma empresa que nem conhece?”, alerta Karoline.
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Outro ponto importante é entender que você cedeu os dados e que, a qualquer momento, por lei, você pode retirá-los dos sistemas daquela empresa.
Aliás, outro ponto muito importante do curso Cidadãos de Dados é trabalhar com um foco maior nos jovens – e não no clichê “educar a terceira idade”. Há uma preocupação muito grande com a completa imersão da juventude na internet, e com qual grau de consciência isso está sendo feito. Além disso, há ainda a necessidade de abrir os olhos dos estudantes para o futuro do mercado de trabalho. Afinal, poucos enxergam na ciência e análise de dados um caminho profissional relevante.
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“Tem um gargalo bem grande, né? Quando a gente fala de dados parece pequeno, mas tem muita coisa dentro. E tem muitos cientistas de dados que são sêniores, que precisam de estagiários de dados. Que é justamente quem vai fazer essa nossa formação e está entrando no mercado de trabalho, terminando o ensino médio e que precisa saber o básico”, explica Karoline.
Outro ponto importante do universo dos dados é o conceito recente de “Data Literacy” – algo como educação ou letramento em dados (similar ao “media literacy”, que é o letramento midiático, que ensina as pessoas a ler e interagir corretamente com as notícias). Karoline lembra que os esforços para conscientização sobre uso de dados são recentes, com cerca de cinco anos. E que ainda está nos primeiros passos.
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“Nenhum país ainda é referência. Como na maioria dos temas, União Europeia e Estados Unidos estão um pouco adiante. Recentemente, aconteceu uma pesquisa internacional e o Brasil nem foi citado ou consultado. Então a gente decidiu puxar essa temática aqui. E hoje, nessa frente de educar as pessoas em dados, já estamos num nível de referência para outros países”, diz a coordenadora do projeto.
Serviço
Em Florianópolis, a primeira turma está com inscrições abertas para jovens estudantes do Ensino Médio público ou bolsistas da rede de ensino particular da Grande Florianópolis até o dia 5 de setembro. São 30 vagas gratuitas e as inscrições podem ser feitas pelo site. Ao todo, são 20 horas de curso, sendo oito delas ao vivo pelo Zoom. A duração total do é de cinco semanas.
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7 dicas para você cuidar melhor dos seus dados
- Use senhas diferentes nas redes sociais e cadastros on-line. Lembre-se de trocá-las de vez em quando.
- Crie senhas fortes, com caracteres especiais, letras maiúsculas e minúsculas, e ative a verificação em duas etapas, se possível.
- Não anote senhas no bloco de notas do celular.
- Evite dar o seu CPF e outros dados pessoais por aí sem saber qual será o uso: você realmente vai ganhar aquele desconto? Saiba que você pode perguntar como a empresa vai usar seus dados e, se quiser, pedir para retirá -los do banco de dados.
- Cuidado ao compartilhar a chave Pix, principalmente se ela for o seu CPF. Se precisar divulgá-la nas redes sociais, prefira uma chave aleatória, telefone ou e-mail.
- Cuide também com a divulgação de seus dados sensíveis, como orientação sexual, religião, etnia. Um vazamento de dados sensíveis pode levar a situações graves e que ameaçam a integridade das pessoas.
- Aprenda sobre o assunto. A fluência em dados ajuda você a proteger seus dados e de outras pessoas, como também a tomar melhores decisões na vida pessoal e profissional, bem como usá-los para o bem.
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Teste
Para conscientizar as pessoas sobre a importância de como lidar com os dados digitais, o SGB criou um teste on-line para descobrir seu nível de fluência em dados. Leva 10 minutos e você recebe as respostas por e-mail. E, claro, não só seus dados estarão protegidos como você aprende também por que seu CPF é pedido. Acesse o link e faça o teste.
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