O cantor Seu Jorge falou com o Fantástico (Globo) sobre o ataque racista que sofreu durante show realizado em Porto Alegre, em 14 de outubro. Foi a primeira entrevista concedida pelo artista após as injúrias racistas que sofreu – antes disso ele falou sobre os ataques em um vídeo nas redes sociais.
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O artista contou que os ataques começaram após ele falar sobre a redução da maioridade penal. Seu Jorge disse que, ao contrário de brancos, os negros são confundidos, presos e mortos em ações da polícia.
— Não podemos compactuar com a covardia. Se você ver qualquer crime de racismo, denuncie — disse o cantor.
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Questionado pela repórter se os ataques foram motivados por política, o cantor desabafou que não existe justificativa para o racismo.
— Estamos tratando de uma violência que não cabe mais no Brasil. A justificativa para o racismo não existe, assim como o racismo não deveria existir — enfatizou.
Sobre as críticas que o presidente do clube Grêmio Náutico União (GNU), Paulo José Kolberg Bing, fez a roupa de Seu Jorge estava usando, o cantor falou que não está discutindo essas futilidades e que o importante era a mensagem que estava passando.
— Quando aparecem brancos que dizem que não concordam com o racismo, acho que estamos fazendo um certo progresso — afirma.
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O cantor disse ainda que não adianta esperar truculência dele, porque essa reação. Seu Jorge falou que tem muita coisa para fazer na vida, muitos sonhos para o país e sua gente. Ele encerrou a entrevista dizendo que todos devem combater o racismo e o seu amor pelo país.
— Sou um africano que nasceu no Brasil, tenho um amor grande pelo meu país, mas entendo que ele tem uma dívida grande com os negros — declara.
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Na reportagem, o programa dominical falou com uma testemunha que disse que show estava maravilhoso, mas que algumas pessoas se transformaram após Seu Jorge apresentar um jovem artista negro no palco e falar sobre maioridade penal. Outras testemunhas foram à delegacia denunciar que, além dos xingamentos e vaias, algumas pessoas imitaram o som de macaco.
A delegada Andréa Mattos, da Delegacia de Combate à Intolerância Racial, disse ao Fantástico que instaurou um procedimento policial de ofício, o que significa que a investigação vai ser feita mesmo sem a vítima registrar boletim de ocorrência.
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— Nós temos nesse caso uma vítima direta que seria o cantor ou mesmo daqui a pouco um membro da banda — disse a delegada, que deve intimar outras testemunhas para prestarem depoimento.