Você já parou para pensar como o futebol e a alfaiataria têm relação? Muito provavelmente não né? Eu também, confesso. Só passei a pensar nisso quando conheci o Seu Dino, como ele gosta de ser chamado. Luiz Zardo é uma espécie de torcedor-símbolo do Concórdia, clube que retorna este ano à elite do futebol catarinense. Aos 74 anos, o senhor com forte sotaque italiano na fala tem a história dele entrelaçada com a da cidade e do clube.

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Quando jovem, em meio a década de 1960, Dino defendeu as cores de clubes da cidade. Clubes que precederam a história do atual Galo do Oeste, que foi fundado em 2005. Jogava como “centro-médio” e vestia a camisa 5.

Naquela época, jogávamos com um centro-médio só. Hoje em dia, têm times com três ou quatro – recorda Dino, dos tempos de jogador.

A experiência como atleta durou apenas dois anos. Problemas nos tornozelos e joelhos o afastaram dos campos. Dino chegou até a se aventurar na carreira de treinador.

– Foi só por 45 dias. Comandei o time até a hora que veio um técnico de fora – conta, sem precisar o ano.

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(Foto: Tarla Wolski, Especial)

Se a carreira nos gramados foi abreviada prematuramente, em meio a outras linhas Dino segue ditando o ritmo. Aprendeu a costurar aos oito anos e na vida adulta não teve dúvidas em apostar na carreira de alfaite. Até hoje, mantém o comércio em uma das principais ruas da região central de Concórdia, ao lado da casa onde nasceu e criou-se.

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– Hoje em dia faço de tudo, conserto e roupas novas, para homens e mulheres. Não dá para negar serviço, né? – diz o experiente alfaiate.

Foi aí que as semelhanças entre o futebol e a alfaiataria começaram a surgir: linhas demarcam limites, a precisão separa o corte certo de um errado, a costura bem desenhada é sinônimo de beleza e, consequentemente, sucesso. Questionado se foi um meio-campista que “jogava de terno”, Dino foi breve e direto:

– Nada. O jogo era pegado.

Do local onde trabalho, Dino consegue avistar o Estádio Domingos Machado de Lima. Entre uma costura e outra, aproveita para ir ao local e conferir como estão os preparativos do time e do campo de jogo. O ex-jogador e treinador considera que o gramado está muito fofo. Ele acredita que o clube está fazendo um bom trabalho e torce por um bom desempenho do Galo do Oeste quando a bola começar a rolar.

Espero que consigam se manter na primeira divisão. Estarei lá na arquibancada torcendo – pontua.

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