É muito provável que uma ideia genial, e que poderia facilitar a vida de muita gente, já tenha passado por sua cabeça. Essas invenções, às vezes extravagantes, geralmente surgem quando nos deparamos com serviços que poderiam ser melhorados ou ainda são inexistentes.

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Foi após passar por uma situação destas que a empresária Natalia Nuñer Arruda, 24 anos, criou ao lado do marido Fellippe Luiz da Silva, 26, a Vionee (se pronuncia Vionê), uma loja virtual de calçados personalizados.

Ela conta que a ideia surgiu durante os preparativos para o seu casamento, quando o maior desafio foi encontrar o sapato ideal para o grande dia. Foram dois anos de dedicação para a construção da loja virtual. Um ano foi só para o desenvolvimento do site.

– Queríamos um site no qual a cliente pudesse criar o sapato na frente dela, com todos os detalhes e bem real – diz Natalia.

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Enquanto o site era preparado, os sócios se mudaram para São João Batista, na Grande Florianópolis, e ergueram a fábrica da Vionee no polo calçadista do Estado.

No site, a usuária pode escolher o modelo, as cores, os acessórios e o material do sapato. Em meio a diversas opções, é possível, por exemplo, definir a cor e o material de uma única tira de sandália. Apenas de modelos são 14 possibilidades.

Durante a montagem, é possível girar e visualizar o calçado por diferentes ângulos. Na galeria, cada calçado leva a assinatura do cliente responsável pela criação. E, toda vez que o usuário conseguir vender o seu modelo no site, ganha descontos para compras futuras.

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O total investido na Vionee gira em torno de R$ 800 mil, gastos em maquinário moderno, quatro funcionários qualificados, materiais sofisticados – os acessórios metálicos têm ouro em sua composição -, desenvolvimento do site e ações de marketing focadas no público da moda. Em março, o casal lançou a empresa na São Paulo Fashion Week (SPFW).

Site com tecnologia diferenciada

A maneira nova que a Vionee encontrou para vender seus produtos não representou uma inovação somente para a indústria de calçados de Santa Catarina, mas também para o setor tecnológico do Estado.

Para oferecer aos clientes virtuais um sapato que parece real, no qual o usuário pode mexer o mouse e enxergar o produto de todos os ângulos, parte da equipe do Cafundó Estúdio Criativo precisou estudar uma nova ferramenta para desenvolver o site de e-commerce da marca.

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O gerente de projetos do estúdio, Tiago Colombo, conta que a inspiração veio de um site da Nissan, em que o cliente podia customizar os carros.

– Encontramos esse site na nossa pesquisa diária de referências.Depois buscamos o código do site, pegamos o nome da ferramenta e entramos em contato com o criador dela. A partir daí começamos a estudar a ferramenta, que é uma aplicação nova dentro do Flash, chamada Away 3D – explica.

A equipe criou os modelos dos sapatos em um programa de modelagem 3D e usou a ferramenta para aplicar os arquivos dos calçados modelados no site,o que não seria possível com outras ferramentas, que apenas trabalham com imagens dos produtos. Colombo observa que este é o único site do Brasil que utiliza a tecnologia.

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Tecido à prova de insetos

Para atravessar com tranquilidade a crise no setor têxtil catarinense, a Karsten decidiu investir em inovação, de acordo com o gerente de Engenharia de Produto da empresa, Leoni Pasold.

O executivo explica que a empresa, sediada em Blumenau, começou a estruturar a inovação em 2002, quando as exportações do setor têxtil passaram a cair por causa da valorização do real. Em 2004, teve início a entrada dos produtos asiáticos no Brasil, concorrência que, segundo ele, aumenta a cada ano.

– Decidimos investir em inovação para nos diferenciarmos no mercado. A empresa percebeu que se produzisse apenas aquilo que todo mundo já faz, estaria vendendo uma commodity – explica Pasold.

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A Karsten criou, então, três entradas de ideias inovadoras na empresa, sendo duas delas controladas pela área de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e a outra diluída em todas as áreas.

Outra estratégia utilizada pela companhia é a coleta de sugestões de funcionários. O caso de sucesso em inovação mais recente da Karsten é uma toalha de mesa com tecido que repele insetos sem prejudicar a saúde humana. Além disso, a película protetora não sai com as lavagens.

Pasold afirma também que a cada dois anos a empresa inscreve projetos em editais públicos de incentivo. Segundo ele, metade do valor investido em inovação vem de recursos próprios, enquanto a outra metade é originária de recursos públicos reembolsáveis, como financiamentos. O executivo complementa que desde 2004 os produtos inovadores passaram de 2% para 10% no faturamento da empresa.

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Incentivo ao empreendedor

Durante os próximos anos, os empresários que decidirem investir em inovação encontrarão um terreno favorável em Santa Catarina.

A Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico e Sustentável (SDS) lançou no ano passado o programa Inovação@SC, que conta com um planejamento de 10 anos para realizar ações de capacitação, parcerias estratégicas com centros de ensino, apoio financeiro e abertura de mercado.

Em junho deste ano, terá início a construção de 10 centros de inovação no Estado, que têm como proposta convergir as iniciativas inovadoras da universidade, do governo estadual e de empresas, além de desenvolver soluções para a indústria.

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Contribuição para o desenvolvimento Segundo o secretário Paulo Bornhausen, os centros de inovação também devem garantir que parte do faturamento da gigante automobilística BMW fique em Santa Catarina.

Ele explica que, pelo novo regime automotivo brasileiro, a empresa vai precisar investir 5% do seu faturamento dentro dos cinco anos de produção em SC em pesquisa, inovação e capacitação de profissionais.

De acordo com Bornhausen, os centros de inovação mostraram à companhia que o Estado terá condições de tocar o desenvolvimento tecnológico do setor. E a BMW, como conta o secretário, já se posicionou como parceira da iniciativa.

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Sendo assim, e já que o faturamento da fábrica deve chegar a R$ 15 bilhões em cinco anos, a parcela que ficará no Estado será de R$ 750 milhões, graças à inovação.