O setor varejista deverá ampliar em 2010 a participação dos produtos importados nas lojas diante da perspectiva de alta próxima a 5% do Produto Interno Bruto (PIB) e da manutenção da desvalorização do dólar ante o real. Entre os produtos que devem se destacar nas compras externas estão alimentos, bebidas, eletroeletrônicos, vestuário e produtos populares.
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Assim como neste ano, as importações terão importante papel na complementação da demanda varejista. Segundo o economista da Tendências Consultoria Alexandre Andrade, as importações em 2010 serão puxadas pela expansão do crédito, pela manutenção do atual patamar de juros – que incentiva as vendas a prazo – e pelo incremento projetado de 6,4% da massa salarial sobre este ano.
– As importações de bens de consumo exerceram importante influência no atendimento este ano das vendas no varejo brasileiro, quadro que se repetirá, com mais intensidade, em 2010 – diz Andrade.
A projeção da consultoria é de que o volume das vendas no varejo restrito, que exclui a comercialização de automóveis e materiais de construção, cresça 5,6% este ano, frente a uma projeção de 7% para 2010. Andrade salienta que as importações vão complementar a produção nacional, em um ano que terá a Copa do Mundo, na àfrica do Sul, como um “forte fator de estímulo” às vendas, sobretudo de eletroeletrônicos.
– A indústria nacional vem registrando recuperação gradual, mas deverá retomar os níveis de produção anteriores à crise apenas no fim de 2010 – prevê.
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Diante da desvalorização do dólar, que acirrou a concorrência frente aos importados, as indústrias nacionais vêm reduzindo a produção de eletroeletrônicos da linha de áudio e vídeo, optando pela compra no exterior dos aparelhos, de acordo com o presidente do Sindicato das Indústria de Aparelhos Eletro Eletrônico e Similares, Wilson Périco.
– As indústrias estão migrando da produção de áudio e vídeo para a fabricação de televisores de plasma e LCD que, com o dólar desvalorizado, ficam com seus componentes mais baratos – diz.
As importações de bens de consumo vêm avançando desde junho, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), após a retração observada diante da crise financeira internacional. Entre junho e novembro, a média diária das importações subiu 43,4%. A média diária das compras externas de bens de consumo em novembro foi de US$ 109,6 milhões, número próximo ao de setembro de 2008, de US$ 109,7 milhões.
– Essas importações (de bens de consumo) foram direcionadas basicamente para atender à demanda do mercado interno – diz o vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro.
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Para 2010, ele prevê a aceleração das importações, impulsionada pela evolução do PIB.
– A cada 1% de aumento do PIB há um incremento de 3% das importações – observa Castro.