A primeira visita oficial do ministro da Pesca, Eduardo Lopes, a Santa Catarina nesta segunda-feira, chega para amenizar o momento delicado que o setor pesqueiro vive desde sexta-feira – quando foi pego de surpresa por uma determinação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que cancela a rotulagem de mistura de espécies ou pescados diversos. A medida pode gerar um prejuízo de R$ 100 milhões por mês para o segmento de Itajaí e Navegantes, conforme o Sindicato dos Armadores e das Indústrias de Pesca de Itajaí (Sindipi).

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Diante dos pedidos dos empresários locais, o ministro se comprometeu a intervir na questão nesta terça-feira e buscar uma transição ou suspensão da medida. Segundo Lopes, são mais de 120 espécies de peixes rotuladas dessa forma somente na modalidade de pesca de arrasto e o setor não teria escala para produzir cada produto separadamente.

– Ouvi o Sindipi e as indústrias e agora vou me reunir com o ministro Geller, da Agricultura, para buscar uma conciliação ou manter a situação como estava. É um problema grave, isso pode parar todo o setor – afirma.

De acordo com o presidente do Sindipi, Giovani Monteiro, o prejuízo com essa medida é enorme, inclusive podendo causar a parada de todos os barcos da região. Conforme o presidente, o setor foi pego de surpresa pelo Ministério da Agricultura, que somente informou que os motivos para o cancelamento foram de ordem técnica.

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– São 300 barcos e 3.600 pescadores que podem parar, gerando um prejuízo de R$ 100 milhões por mês, na captura e comercialização, somente em Itajaí e Navegantes. Mas isso afeta todo país – assegura.

Monteiro ressalta que as espécies que se enquadram na mistura representam grande parte da pescaria e afetam a operação de peixe.

– Algumas indústrias já anunciaram que vão suspender a compra do produto nacional enquanto isso não se resolver, preferindo importar. Isso atinge toda cadeia nacional. O ministro prometeu criar um grupo de trabalho para tratar dessa questão – relata.

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O representante da Câmara Setorial da Indústria do Sindipi, Estevam Martins, diz que a rotulagem de mistura de espécies facilita a venda dos peixes, pois o varejo não comporta tantos itens.

– Isso pegou todo mundo de surpresa, a rotulagem já vinha sendo feita há muito tempo. Isso facilitava a comercialização, pois alguns supermercados, por exemplo, não aceitam vender todos os itens, apenas de três a cinco produtos – explica.

Setor pesqueiro apresenta reivindicações

Além da reivindicação por uma solução para a questão do fim da rotulagem de misturas, o setor pesqueiro pleiteou outras demandas junto ao ministro da Pesca, Eduardo Lopes. Antes de ouvir as solicitações, Lopes também visitou embarcações e o parque fabril de algumas empresas pesqueiras de Itajaí. Segundo o ministro, a visita foi uma maneira de se reaproximar do setor e escutar as demandas das indústrias, pescadores e armadores.

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Durante o encontro do ministro e empresários na sede do Sindipi, o presidente do Sindicato dos Pescadores Profissionais de Santa Catarina (Sitrapesca), Manuel Xavier, pediu mais atenção para a questão da aposentadoria dos pescadores, o fim do seguro defeso e as instruções normativas que proíbem a pesca de algumas espécies – que muitas vezes são descartadas.

Já o presidente do Sindipi, Giovani Monteiro, entregou uma lista de solicitações ao ministro. Entre elas, ele reclamou que mais de 40 mil toneladas de peixe, que estariam em extinção, são descartadas nas embarcações, processo que precisa ser revisto e contestado. Monteiro ressaltou ainda os problemas na gestão do ministério, o plano de combate a pesca ilegal, a restrição da pesca industrial da tainha, o arrendamento para embarcações estrangeiras que pescam atum, enquanto as brasileiras são proibidas, melhores políticas de financiamento para o setor, apoio à modernização da frota, entre outras questões.

Licenças para pesca de tainha são expedidas

A vinda do ministro da Pesca, Eduardo Lopes, para Santa Catarina trouxe boas notícias para os pescadores de tainha. Já foram expedidas 44 licenças para pesca, que inicia na quinta-feira, e outras seis estão em análise. De acordo com Lopes, serão 60 embarcações autorizadas para fazer a pesca da tainha e a expectativa é boa para o setor, tanto industrial como artesanal.

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– Esperamos um crescimento da produção e um bom volume. A pesca certamente será boa para todos e nós queremos cuidar e dar atenção a todos – afirma.