Apesar da recente crise no mercado náutico – a Associação Brasileira dos Construtores de Barcos (Acobar) estima que as vendas de embarcações caíram pela metade no ano passado –, há uma onda de otimismo nos estaleiros catarinenses para 2016. Índices mais animadores e investimentos no mercado externo indicam que o ano pode ser de virada.
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Em Santa Catarina, que hoje ocupa a liderança da indústria náutica no país, a maré também não foi favorável no ano passado. Enquanto 2011 e 2012 impulsionaram os negócios, os anos seguintes foram de encolhimento, sendo 2015 o pior desde que a região se tornou polo no segmento. Fabricantes no Estado produziram menos e enfrentaram demissões.
Estaleiros apostam na exportação para enfrentar a retração econômica
Mas, ainda que não exista data anunciada para o fim da crise, os números começaram a mudar. A Schaefer Yachts, com sede na Grande Florianópolis, diz que houve crescimento de 30% nas vendas nos três primeiros meses de 2016 na comparação com o mesmo período do ano passado. Em junho de 2015, a fabricante alcançou 51% da meta do ano, mas encerrou as operações de dezembro sem atingir a meta.
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Agora, com o balanço positivo do primeiro trimestre, o objetivo da Schaefer é chegar a junho com 60% do volume de vendas do ano. A previsão é de que 200 embarcações sejam construídas até dezembro.
– Não existe um parâmetro exato para se explicar o crescimento, mas entendemos que uma possível resolução no cenário político e econômico acaba com as especulações e dá confiança ao consumidor – avalia o gerente de marketing da empresa, Frederico Almeida.
O dólar em alta inverteu a tendência anterior de importação-exportação e tem sido uma engrenagem para a retomada do mercado externo. A crise na Europa havia fechado portas lá fora, entre 2011 e 2014, mas a recente valorização da moeda estrangeira aqueceu novamente as exportações.
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Foco nos EUA e América latina
Países como Uruguai, Paraguai, México e Bolívia aumentaram o volume de encomendas da Schaefer. Nesse embalo, a fabricante ainda projeta um ponto de venda e de assistência técnica em Miami, nos Estados Unidos. Na italiana Azimut Yachts, com sede em Itajaí, as vendas projetadas para o exterior incluem a exportação de 10 unidades da esportiva Azimut Verve 40 para os EUA.
Trata-se de uma coleção nova produzida exclusivamente na unidade catarinense. O mesmo modelo também ganhará as águas de países da América Latina. Até o ano que vem, o grupo italiano planeja investir R$ 400 milhões, incluindo a ampliação das operações na fábrica de Itajaí e expansão no mercado internacional – no ano passado, a empresa no Brasil teve o aumento do capital social em R$ 63,6 milhões.
Outra empresa de Itajaí, a fabricante de lanchas Fibrafort já tem de 20% a 30% das vendas direcionadas ao mercado internacional. Uma das apostas da empresa foi variar a produção com embarcações maiores, como o F400 Gran Coupé, de 40 pés. A marca também tem expectativa que a definição política dê fôlego às vendas.
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– O dinheiro existe, mas o consumidor está inseguro. Em algumas semanas, devemos ter uma decisão e isso pode ter impacto positivo – diz a gerente comercial da Fibrafort, Bárbara Yamamoto.
Olimpíada gera negócios para empresa de botes
Enquanto as empresas de embarcações de lazer miram os dólares do exterior, uma empresa de São Francisco do Sul aposta em capacitação e novas estratégias para ampliar as vendas. Fabricante de embarcações de esporte e recreio semirrígidas (infláveis), a Gamper Náutica aumentou o faturamento da unidade em até cinco vezes nos últimos meses.
Parte do crescimento se deve ao fornecimento de 58 barcos para a Marinha, que fará a segurança marítima nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos no Rio de Janeiro.Por meio de consultorias realizadas com o Sebrae/SC, a Gamper Náutica colocou em prática ampliações e processos de melhorias.
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Enquanto no ano passado a marca contava com seis pessoas no processo de fabricação e produzia dois barcos por mês, em média, em 2016 o ritmo de produção saltou para cinco embarcações por semana e o quadro funcional foi ampliado para 14 pessoas.O aumento das vendas ainda reforçou os negócios com fornecedores de estofados, lâmpadas, aço inox e tanque de combustível.