Mais de 400 trabalhadores do setor metalúrgico foram demitidos em Jaraguá do Sul nos últimos dois meses. O sindicato da classe trabalhadora acompanha o caso em sete empresas, sendo 4 delas dos proprietários da Metalúrgica Lombardi. Os funcionários estão sem salário, não receberam as rescisões ou nenhum acerto.
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Na última quinta-feira, dia 12, Josiel da Silva chegou ao trabalho, no setor de compras da Metalúrgica Lombardi, como fez nos últimos 15 anos. Naquele dia, houve uma reunião na qual 36 funcionários foram avisados que estavam dispensados e não deveriam voltar na quinta-feira. Dois meses antes, outros 79 colegas haviam sido demitidos. Silva, então, voltou para casa, onde havia deixado o filho de dois meses e a esposa – que também foi dispensada de outra empresa, pelo mesmo motivo, e está há 60 dias sem receber salário.
– Contaram histórias, prometeram coisas que não podiam cumprir. Disseram que os que ficaram seriam os escolhidos para tocar a empresa para a frente e fomos dispensados na quinta-feira. Disseram que não tinham condições de pagar o salário. Até agora estamos sem uma posição dos diretores da empresa. Simplesmente abandonaram o barco e o sindicato está resolvendo – relata Silva.
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Conforme o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Jaraguá do Sul (Sindmet), Silvino Völz, a empresa enfrentava dificuldades há meses. Não havia verba para compra de matéria-prima, o estoque foi consumido e surgiram dívidas com os fornecedores. Para evitar as demissões, o sindicato e a empresa fizeram acordos, como descontos nos pagamentos e variação na jornada de trabalho.
Na Metalúrgica Lombardi, no bairro Rio Cerro II, nenhum funcionário está mais trabalhando e a unidade foi fechada. Somente o setor de contabilidade está realizando as rescisões, após o pedido de falência ter sido decretado. Essa empresa também é proprietária da Indústria e Metais Figueira, onde foram demitidos 104; Gabar Indústria de Máquinas, de onde saíram 12 e Vitrine, do ramo comercial. Ao todo, o grupo de empresas demitiu mais de 200 trabalhadores.
Na última semana, ex-funcionários permaneceram acampados na Metalúrgica Lombardi e na Indústria e Metais Figueira para impedir a retirada dos bens. Após todas as rescisões serem assinadas, o Sindmet protocolará uma ação para garantir o pagamento dos funcionários, mesmo que implique na penhora dos equipamentos das empresas. Neste primeiro momento, a entidade também tentará garantir ao menos o saque do fundo de garantia e o encaminhamento dos seguros-desemprego.
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– O problema não é de crise, essa situação é um problema de gestão. Estamos em contato com o Ministério Público para fazer uma varredura. Há várias ações contra essas empresas. São praticamente 250 trabalhadores que saíram de mãos vazias. É muita falta de consideração – afirma Völz.
O presidente do sindicato avalia que o pagamento dos 79 funcionários demitidos da Metalúrgica Lombardi deve chegar a R$ 3 milhões, considerando os salários, férias, rescisões, multas entre outras contas. Ao todo, a dívida pode chegar a R$ 5 milhões. De acordo com Völz, há outras empresas em situação semelhante no município. Em 2014, houve um grande número de demissões, mas estagnou no início deste ano. Entretanto, somente entre 30 de junho e 17 de agosto de 2015, 404 trabalhadores foram demitidos no setor.
Contraponto
A reportagem do AN Jaraguá entrou em contato com o advogado da Metalúrgica Lombardi para ouvir o posicionamento da empresa, mas ele não retornou os e-mails e ligações.
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