No começo da quarentena, quando as normas de isolamento social estavam ainda mais rígidas, as lives nas redes sociais foram um fenômeno. Começaram tímidas, nas casas dos próprios artistas, e se transformaram em grandes produções. Agora, é a vez do drive-in, febre nos anos 1950 que volta por conta da necessidade de distanciamento social. As pessoas ouvem e assistem ao show de dentro dos automóveis, como nos cinemas de antigamente. Mas agora, em vez de filmes, são músicos tocando ao vivo para uma plateia que assiste tudo de dentro dos carros.
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A Arena Petry, maior complexo multieventos da região sul e futura sede do primeiro Hard Rock Live do Brasil, aposta no formato e já recebeu shows da Camerata Florianópolis, do cantor sertanejo Léo Chaves, além de espetáculos infantis. “A pandemia teve forte impacto no setor de eventos, e é preciso se reinventar. Por isso, nós oferecemos esta nova opção de entretenimento para nosso público, que, além de segura, também é uma experiência inédita para muitas pessoas”, comenta o diretor comercial Roberto Petry.
O projeto é importante para a retomada do setor, que conta com mais de 50 atividades relacionadas. Nos automóveis é permitida a entrada de três adultos, ou dois adultos e duas crianças. Há venda de bebidas e comidas, que podem ser solicitadas e pagas via aplicativo. Mesmo dentro do carro, as pessoas devem continuar com máscara, e só é permitido sair para ir ao banheiro. Coube à Camerata Florianópolis inaugurar a Arena Drive In, com um show em homenagem ao Queen. A orquestra vai voltar ao palco no dia 4 de julho, às 20h, com o espetáculo Música para Cinema. Ao longo do concerto, com as trilhas sonoras mais famosas do cinema, cenas dos filmes são projetadas em três grandes telões, ao fundo e nas laterais do palco, unindo o universo do som e da imagem numa só apresentação.
A Camerata também inovou promovendo uma série de recitais virtuais. Para isso, desenvolveu uma plataforma especial, por onde realiza duas apresentações por semana. Para assistir ao vivo, a pessoa compra o ingresso e recebe uma senha para acessar a sala. Como medida de segurança, os concertos são apresentados, em média, por dois músicos.
Logo depois que o governo estadual decretou medidas para conter a propagação do coronavírus, cerca de 200 artistas catarinenses, de todas as regiões do Estado (entre eles músicos, artistas do teatro, do circo, das artes visuais e da dança, além de técnicos de som, iluminadores) se uniram e criaram o Movimento ConectartSC. Em menos de dois meses, o Movimento lançou uma série videoclipes, quase todos de músicas inéditas.
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Espaços expositivos e artistas do teatro também precisaram se adaptar
A Fundação Cultural Badesc, no Centro de Florianópolis, teve que cancelar sua intensa programação, que incluía lançamentos de livros, exibição de filmes e apresentações musicais e teatrais. Entre outras iniciativas, a instituição projetou em suas paredes, pisos e tetos rostos fotografados pelo artista Radilson Carlos Gomes. Durante um ano, ele se instalou em praças, ruas e eventos da Capital, conversou com quem passava e, com câmeras lambe-lambe, fez registros de pessoas que nasceram, adotaram, frequentaram ou passaram pela cidade. Agora, com o objetivo de reabitar o espaço vazio após a pandemia, foi lançada a exposição virtual Reabitar. Os registros estão sendo divulgados nas redes sociais da Fundação.
Já a Téspis Cia. de Teatro, de Itajaí, está apresentando espetáculos de teatro ao vivo, pelo Youtube, com direito a interação virtual com o público – cada ator em sua casa. Além disso, a companhia lançou o Diário da Criação, um espaço online no site do grupo em que serão compartilhadas ideias e as fases da montagem de seu novo espetáculo para crianças, atualmente em desenvolvimento. A criação do Diário aconteceu após a pandemia se alastrar pelo Brasil. O grupo, que até então já havia definido o elenco e iniciado os primeiros encontros, teve que se adaptar a este momento. Foi quando surgiu a ideia de investir no universo online, para dar sequência ao projeto.
“Os profissionais do teatro, artistas em geral, foram os primeiros a parar por causa da covid-19”, diz Max Reinert, diretor do espetáculo. “E, provavelmente, serão os últimos a retornar. Mas, enquanto não podemos reabrir nossos teatros e espaços de ensaio, criação e apresentação, buscamos maneiras de continuar trabalhando, levando arte para o público e garantindo nossa subsistência econômica.”