Setembro tem sido marcado por fenômenos climáticos extremos em Santa Catarina. No litoral, a maré alta e a ressaca escondem a faixa de areia das praias e causam danos à infraestrutura da orla, como aconteceu na praia do Morro das Pedras, em Florianópolis. Já nas cidades do interior, 22 estações hidrológicas estão em situação de estiagem, segundo a Epagri/Ciram, e a falta de chuva no último mês já levou algumas cidades, como Xanxerê, no Oeste do Estado, a iniciar a distribuição de água para consumo animal em propriedades rurais.
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De acordo com o oceanógrafo João Luiz Baptista de Carvalho, diretor do Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), a condição atual do mar é causada por uma somatória de fatores: maré astronômica, que acontece todos os dias e é influenciada pela Lua, maré meteorológica, que é influenciada pela direção dos ventos, e a ação do homem e suas construções próximas às praias. Segundo o oceanógrafo da Epagri/Ciram, Argeu Vanz, nos próximos três dias vamos ter a influência do vento nordeste, o que deixa a maré mais baixa no litoral catarinense. Porém, a situação pode mudar no fim de semana.
Já a estiagem é causada pelo predomínio de uma massa de ar quente e seco em grande parte do Brasil, incluindo Santa Catarina, o que bloqueia o avanço das frentes frias, que são responsáveis pela chuva, segundo o meteorologista Erikson Oliveira, da Epagri/Ciram. Setembro já é considerado um dos meses mais secos do ano, com volume de chuva abaixo do esperado. A tendência é que a umidade do ar retorne gradativamente ao Estado na próxima semana, favorecendo a condição de chuva para SC.
— O modelo meteorológico indica chuva para o próximo fim de semana, mas não muito significativa, o que não resolve o problema da estiagem. Já a partir no começo de outubro temos a tendência de precipitações com um volume mais alto — explica o meteorologista.
Situação dos municípios
Alexandre Sampaio, Gerente de Prevenção e Preparação da Diretoria de Respostas da Defesa Civil, responsável pelas decretações de estado de emergência ou situação de calamidade pública, explica que os municípios ainda estão realizando levantamentos para determinar os danos causados em função da ressaca e a necessidade de decretação de situação de emergência.
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— Quando um município reconhece que não tem capacidade de, sozinho, enfrentar os danos e prejuízos causados pelas ressacas, estiagem ou qualquer outro fenômeno, ele decreta a situação de de emergência. Por enquanto estão sendo contabilizados esses prejuízos e os danos ocorridos em função da ressaca no nosso litoral, até porque o fenômeno ainda não terminou.
Segundo Sampaio, o município de Navegantes, no Litoral Norte, está com declaração vigente a nível local, mas o município não submeteu para homologação junto a Defesa Civil Estadual. Na semana passada, parte do calçadão da Praia do Gravatá, em Navegantes, foi interditado pelo avanço da maré e a Secretaria de Obras resolveu remover a estrutura e fazer uma contenção emergencial com pedras, para evitar novos problemas.
No município de Florianópolis, a maré alta e a ressaca atingiram pelo menos cinco praias, levando a prefeitura a publicar um decreto de situação de emergência. Os maiores estragos foram identificados nos Ingleses, Canasvieiras, Praia Brava, Matadeiro e Morro das Pedras. O decreto publicado no Diário Oficial do município na última quinta-feira é válido por 180 dias.
Estiagem afeta o Oeste do Estado
Enquanto o litoral passa pela ressaca, as outras regiões de SC enfrentam um período de estiagem. A última chuva significativa no Estado foi registrada no dia 20 de agosto. Até a tarde desta terça-feira, 22 estações hidrológicas estavam em situação de estiagem, segundo a Epagri/Ciram. Sendo nove classificadas como emergência e 13 como alerta.
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Sampaio explica que desde 2012 os municípios que costumam registrar períodos de estiagem receberam cisternas de 5, 10 e 20 mil litros. Segundo o gerente, muitas cidades fazem uso das cisternas neste momento e, até agora, a Defesa Civil Estadual não recebeu nenhum pleito neste sentido.
— A estiagem é diferente de outros eventos como granizo, vendaval, enxurrada. É um fenômeno que vai se mostrando aos poucos e trazendo os danos para os municípios. Então, é difícil ter um momento para definir que é a hora de decretar a situação de emergência — explica.
Rios em situação de estiagem:
EMERGÊNCIA: Forquilhinha, Chapadão do Lageado, Jose Boiteux, São João Batista, São Martinho – Jusante, Coronel Passos Maia, Tangará, Ponte R. João Susin Marini e Camboriú – Rio Canoas;
ALERTA: Rio Bonito, Encruzilhada II, Canoinhas – CASAN, Ponte Moratelli, Barragem Oeste, Timbó Novo, Rio do Pouso, Barra do Chapecó Aux., Rio das Antas, Foz do Rio Claudino, Fazenda Rudnick, Fazenda Souza e Foz do Rio Negrinho.
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Fonte: Epagri/Ciram