Isabelle Dinoire tinha 38 anos quando se tornou mundialmente famosa por ter sido a primeira pessoa a receber um transplante parcial de rosto. O caso aconteceu no norte da França, em maio de 2005, onde os médicos especialistas do Hospital Universitário de Amiens passaram 15 horas costurando o rosto da doadora ao seu. Mas a felicidade de ter superado uma cirurgia tão inédita e complicada logo foi embora.

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Isabelle sofria de depressão em 2005, quando tentou cometer suicídio. Hoje, ainda sujeita a crises, ela diz pensar constantemente sobre a mulher morta cuja face recebeu. Por causa de sua história, ela foi pauta da mídia internacional, era acossada por pessoas desonhecidas na rua e por olhares curiosos. Meses depois da operação, ainda hesitava em sair de casa por sentir-se incomodada com o reconhecimento.

– O mais difícil é me encontrar outra vez, como a pessoa que eu era, com a face que eu tinha antes do acidente. Mas eu sei que isso não é possível. Quando me sinto para baixo, ou deprimida, eu me olho no espelho outra vez e penso nela. Ela me dá esperanças – afirmou, em uma entrevista à BBC francesa, uma das únicas cedidas desde a cirurgia. Mesmo com o sucesso do transplante, Isabele ainda tem uma cicatriz visível que passa por cima de seu nariz e sob o queixo, e um pouco de dificuldade na fala.

O acidente

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O acidente que a levou a esta condição foi causado por uma overdose de remédios para dormir que ela havia tomado, em uma vã tentativa de cometer suicídio. Aparentemente desesperado para acordá-la, o cachorro da família, um labrador, acabou arrancando um pedaço de seu rosto. Os ferimentos causados na boca, nariz e queixo eram tão graves que os médicos imediatamente descartaram uma reconstrução facial de rotina e deram início ao procedimento que marcaria a história da medicina moderna: em todo o mundo, já houve cerca de uma dezena de operações do tipo com sucesso – nos Estados Unidos, na Espanha, na Turquia e na China.

O cão foi sacrificado.