Servidores federais em greve fizeram uma manifestação na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, nesta quarta-feira. Eles saíram em passeata, que foi intitulada de “Chega de enrolação! Negocia, Dilma!” e organizada pelo Fórum Nacional das Entidades dos Servidores Públicos Federais, composta por 33 associações sindicais.
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Segundo a Polícia Militar, mais de 10 mil pessoas integraram a marcha. Entoando gritos de guerra, carregando faixas e bandeiras e vestindo camisetas com mensagens de protesto, os manifestantes partiram da catedral e marcharam para a Praça dos Três Poderes, seguindo depois, em passeata, até o Ministério do Planejamento.
O trânsito nas seis faixas da Esplanada dos Ministérios, dos dois lados, foi fechado e teve que ser desviado para vias alternativas. O movimento contou com a participação de servidores da educação, saúde, agências reguladoras e outras instituições.
Entre as principais reivindicações, estão o reajuste salarial e melhores condições de trabalho.
– Até agora, só foi oferecida uma proposta à Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior (Andes). As outras categorias ainda aguardam propostas. Vamos manter a paralisação até que haja uma negociação que satisfaça as nossas reivindicações – disse o dirigente nacional da Central Sindical e Popular Conlutas (CSP-Conlutas), José Maria de Almeida.
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O servidor da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), Arthur Yamamoto, acredita que o governo esteja usando o discurso de crise econômica e impacto orçamentário para não ceder nas negociações, deixando o funcionalismo público de lado.
– Os servidores das agências reguladoras não recebem aumento salarial desde 2008. O Sinagências e o Mpog (Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão) fazem reuniões desde dezembro do ano passado e nada foi decidido. Por isso, entramos em greve. Reivindicamos a recomposição salarial, equiparação com cargos de carreira típica de Estado e a remuneração por subsídio. Muitos desses itens não têm um impacto orçamentário – pontuou Yamamoto.
Estudantes de várias instituições também participaram da manifestação.
– Nós aguardamos por uma resposta do governo sobre este protesto. Apoiamos a greve não só pelos professores, mas para que tenhamos melhor estrutura nas instituições de ensino e maior qualidade na educação – disse Leonidas Canuto, de 17 anos.
– Viemos chamar a atenção da (presidente) Dilma para que as reivindicações dos servidores e dos estudantes sejam atendidas. Queremos uma educação de qualidade – ressaltou Ítalo Cardoso, de 17 anos. Ambos são estudantes do Instituto Federal de Alagoas (Ifal), que está há um mês sem aula por causa da greve.
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Segundo o professor da Universidade Federal do Espírito Santo, Mauro de Carvalho, a proposta oferecida pelo Ministério do Planejamento à Andes não atende às reivindicações pautadas pela categoria.
– Viemos forçar o governo a fazer a negociação com os sindicatos, o que ele está se negando. A proposta oferecida pelo Planejamento para a Andes é baseada em aumento salarial. Já a pauta apresentada pelo sindicato é baseada na reestruturação da carreira dos docentes e em melhores condições de trabalho. Além disso, lutamos contra a expansão do ensino sem as condições adequadas – disse.
Mauro de Carvalho conta ainda que os professores não têm reestruturação da carreira desde 1982.
– Este ano, a greve dos servidores federais é o acontecimento mais importante no país. Afinal, só na educação, 57 das 59 universidades federais estão em greve; além de 95% dos institutos federais e os Cefets (Centros Federais de Educação Tecnológica) – conta.
Segundo o secretário-geral do Sindicato dos Servidores Federais (Sindsep-DF), Oton Pereira, a Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef) tem uma reunião agendada no Ministério do Planejamento, às 19h desta quarta.
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– Na reunião, o governo vai ter outra oportunidade de acabar com a greve dos órgãos do Poder Executivo federal – avaliou.
Segundo o secretário, cerca de 350 mil servidores estão em greve em todo o país.