Os movimentos de greves de servidores públicos federais devem ser mantidos e até se intensificar nos próximos dias. Nesta semana, entidades estiveram em Brasília para negociar, junto ao governo federal, a pauta dos movimentos, porém as reuniões não resultaram em acordos. Em Jaraguá do Sul, servidores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) aderiram ao movimento.
Continua depois da publicidade
:: Leia mais notícias sobre Jaraguá do Sul e região ::
No IFSC, a greve começou no dia 13 de julho. Segundo uma das servidoras, Fernanda Rosá, de 70% a 80% do quadro de funcionários fazem parte da greve. Os professores estão em período de férias, que encerram-se na próxima segunda-feira. Neste dia, os grevistas devem explicar sobre os motivos e reivindicações do movimento, buscando a adesão dos docentes. Para a quarta-feira, está marcada a volta dos alunos ao campus e eles também devem receber informações por parte dos grevistas.
Na segunda-feira, o Fórum Nacional dos Servidores Públicos Federais (que reúne as entidades em greve) reuniu-se com o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Um dos membros do comando de greve, André Ogawa, conta que a proposta apresentada foi a mesma que já havia sido rejeitada anteriormente.
Continua depois da publicidade
Ela não contemplaria as perdas salariais e inflacionárias referentes ao período de 2010 a 2015. Enquanto os grevistas pedem 27,3% de reajuste, o governo ofertou 21,3% parcelados em quatro anos. Entre as demais reivindicações ainda estão o reajuste dos benefícios para equivalerem-se aos do Poder Judiciário, assim como 10% do produto interno bruto (PIB) para a educação e o pedido para não haver mais cortes de verbas para a educação.
Melhorias nas condições de trabalho está na pauta
Quanto ao INSS, dos 18 funcionários que atendem no local, quatro estão em greve e outros nove fazem paralisações nos momentos importantes para a categoria – como nos três primeiros dias no movimento, de 7 a 9 de julho, e na terça-feira, quando ocorreu uma reunião em Brasília com pauta específica para o instituto. Pelo número de funcionários com adesão fixa à greve, o funcionamento da agência jaraguaense continua normalmente.
Apesar de o movimento nacional também ter em sua pauta a correção salarial de 27,3%, a servidora jaraguaense Elaine Cristina Tagata ressalta que em Jaraguá do Sul o movimento luta, principalmente, por melhorias nas condições de trabalho.
– Nosso problema não é salarial, é a condição de trabalho que nós aqui em Jaraguá reivindicamos. Queremos atender bem, mas não temos como – afirma.
Continua depois da publicidade
Ela explica que os sistemas utilizados no trabalho são lentos, atrasando os atendimentos à população. Além disso, os funcionários trabalham com metas que levam em conta tanto a quantidade de atendimentos quanto sua resolutividade. Porém, a dependência dos sistemas de informática atrasa a solução dos casos, afetando diretamente as metas.
– Somos cobrados por coisas que não dependem de nós.
Além disso, a falta de peritos dá mais trabalho aos funcionários. Ao vislumbrar a falta de médicos no INSS, o MP indicou, em Santa Catarina, a concessão de benefícios baseados apenas em documentos – o chamado auxílio-doença por documento médico. Ao invés de o perito encaminhar a papelada, os funcionários administrativos liberam o benefício e analisam a documentação. Segundo Elaine, quase 40% do tempo dos servidores são utilizado para este tipo de atendimento, que seria atribuição de médicos.
– Queremos atender melhor, mas não é possível. E nossa luta é por isso – afirma ela.
Segundo o diretor do Sindicato dos Previdenciários da Seguridade Social, Seguro e do Trabalho de Santa Catarina (Sindiprev), Giulio Cesare Tartaro, a adesão no Estado está entre 85% e 90% dos servidores. Como as reuniões de terça-feira foram infrutíferas, uma nova assembleia deve acontecer amanhã, em Florianópolis, com o Ministério da Saúde. Um ato público também está marcado para o dia.