Na última semana, 37 servidores públicos do Instituo Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que organiza o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) pediram exoneração de seus cargos. Ao Fantástico, da TV Globo, eles revelaram censura no conteúdo das provas e fragilidade administrativa da atual gestão.
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A prova do Enem é elaborada todos os anos com 180 questões, com perguntas retiradas do Banco Nacional de Itens, formado por milhares de questões feitas por professores escolhidos por edital. O processo de criação da prova pela equipe técnica do Inep acontece em um espaço chamado “ambiente seguro”.
Os servidores relatam que após a elaboração das questões do Enem, uma pessoa é designada para fazer o trabalho de leitura dos itens. Quem ocupa esse cargo de direção é Anderson Oliveira.
— Esse dirigente designado pelo presidente do Inep, Danilo Dupas, foi até o ambiente seguro, fez a leitura das questões que essa equipe técnica havia montado, essa primeira prova do Enem, e solicitou a exclusão de mais de duas dezenas de questões dessa primeira versão da prova — contou um servidor ao Fanástico.
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— Eram questões que tratavam principalmente da história recente do país, dos últimos 50 anos. Sob o ponto de vista da equipe técnica, não havia qualquer reparo pedagógico a ser feito na primeira versão da prova — afirma um servidor.
Com isso, os servidores se viram obrigados a elaborar uma segunda versão da prova do Enem. No entanto, a prova ficou com nível muito abaixo da anterior.
— Sem utilizar aqueles itens que foram objeto de exclusão, a prova baixava a nota máxima possível. Enfraqueceria fortemente a capacidade da prova do Enem. E isso foi objeto de um terceiro movimento, de se fazer uma terceira versão de prova — explica o servidor.
Nessa terceira versão, alguns itens que haviam sido retirados da primeira prova voltaram para equilibrar o grau de dificuldade do Enem.
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— O Inep sempre foi dirigido por pessoas que tinham alguma trajetória acadêmica. Esse presidente que está agora é uma pessoa sem currículo, sem experiência, está lá porque o ministro da Educação decidiu que seria a pessoa que estaria disposto a fazer o que eles queriam: entrar na prova e retirar aquilo que eles acham que o presidente não iria gostar — diz o servidor, referindo-se ao presidente Jair Bolsonaro, que já havia criticado algumas questões de provas anteriores.
Após o pedido coletivo de exoneração de cargos pelos servidores, o presidente do Inep, Danilo Dupas, foi convocado na comissão de educação da Câmara dos Deputados para dar explicações, mas disse que gostaria de tratar internamente a questão.
A prova do Enem está prevista para o próximo domingo (21). O presidente do Inep e os servidores confirmaram que ela está garantida.
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