Entre os cinco presos na operação Irmandade, deflagrada na terça-feira (7) pelo Grupo Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), dois deles são servidores do Instituto do Meio Ambiente (IMA) de Santa Catarina. Os nomes dos funcionários, que atuam em São Miguel do Oeste, estão sob sigilo. Os outros três presos atuavam como intermediários e são empresários, conforme apontaram as investigações.

Continua depois da publicidade

Também atuam no IMA, órgão que cuida do meio ambiente em Santa Catarina, os três servidores públicos afastados de suas funções cautelarmente na mesma operação. Um deles trabalha em São Miguel do Oeste e outros dois, na sede do instituto, em Florianópolis.

A operação Irmandade foi deflagrada na terça e apura supostos crimes ambientais e contra a administração pública. Foram cumpridos, além dos cinco mandados de prisão preventiva – sem prazo estipulado – e três afastamentos da função pública, 29 mandados de busca e apreensão em nove municípios catarinenses: São Miguel do Oeste, Barra Bonita, Santa Helena, Guaraciaba, São José do Cedro, Paraíso, Canoinhas, Joinville e Florianópolis. Na Capital, os investigadores vasculharam a sede do IMA, no Centro, atrás de documentos, computadores e outros materiais.

A reportagem conversou com a promotora Marcela de Jesus Boldori Fernandes, que comanda a investigação e concedeu uma entrevista coletiva na manhã desta quarta-feira (8), em São Miguel do Oeste. Marcela não quis fornecer detalhes da investigação sob a justificativa de não atrapalhar a apuração, cujo desfecho, segundo ela, ainda está longe do fim, principalmente porque há necessidade de análise do material apreendido.

— Houve prisão de dois servidores públicos do IMA, que atuavam em São Miguel do Oeste. A investigação apura suspeitas de corrupção, mas não podemos passar detalhes, porque o trabalho não terminou — diz a promotora Marcela, que não quis falar quantos empreendimentos são alvos da investigação.

Continua depois da publicidade

Investigação apura fatos e crimes variados

A promotora Marcela revelou quer os três servidores do IMA afastados das funções públicas não possuem relação direta com os dois funcionários do Estado que foram presos na operação Irmandade. A promotora revela que vários crimes e diferentes fatos são investigados. Ela acrescenta que a investigação não apura um fato só, mas verifica a possibilidade de existirem outros crimes por detrás do suposto esquema.

— Os afastamentos não estão relacionados com as prisões. Apesar de serem servidores do IMA, são outros fatos. Não tinham envolvimento com os servidores presos — explica Marcela, que não quis dizer se o cumprimento de mandados na Capital ocorreu em outros locais além do IMA nem se o alcance dos supostos crimes atinge outras regiões do Estado.

As investigações iniciaram há 10 meses pela 3ª e 4ª Promotorias de Justiça de São Miguel do Oeste. Segundo as apurações, servidores do Instituto do Meio Ambiente (IMA), em conluio com particulares e empresários, facilitariam a aprovação de projetos ambientais. Conforme o Gaeco, a direção do IMA vem prestando todo o apoio à investigação em curso.

IMA afirma que auxilia investigação

Em nota, o IMA informou que está auxiliando os investigadores e concedendo o acesso aos sistemas internos, necessários para a apuração do caso. O órgão também informou que está trabalhando para tornar os dados públicos, para garantir a transparência dos trabalhos.

Continua depois da publicidade

Veja a íntegra da nota do IMA

"O Instituto do Meio Ambiente do Estado de Santa Catarina (IMA) informa que nesta terça-feira, 07 de maio, o GAECO cumpriu mandado de busca e apreensão na sede, em Florianópolis, referente a processo de licenciamento de empreendimento no município de São Miguel do Oeste. O Instituto tomará, de imediato, todas as providências apontadas pelo Ministério Público, além de contribuir com a investigação para o esclarecimento de todos os fatos.

O IMA ressalta que todos os dados e sistemas como Sinfat, sistema de licenciamento ambiental, e Gaia, programa de processos administrativos de autos de infração, estão disponíveis e são acessados pelos órgãos de controle, entre eles Ministério Público Federal e Estadual. Além disso, o IMA trabalha para, em breve, tornar todos os sistemas 100% públicos, o que evidencia a transparência com que atua o órgão ambiental catarinense.

O Instituto colabora e espera que o fato seja devidamente apurado e esclarecido e, se necessário, tomará as medidas cabíveis."