Os funcionários do Hospital Florianópolis, no Bairro Estreito, região continental da Capital, entraram em greve na manhã desta segunda-feira (11). O grupo reclama da falta de pagamento de salários e pelas condições de trabalho. No sábado, os servidores do Hospital Regional de Araranguá, no Sul do Estado, também entraram em greve pelo mesmo motivo. Os dois hospitais são administrados pela Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM).
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Além da remuneração mensal, eles pedem que sejam quitadas as multas desse mês e do mês passado por conta do atraso dos vencimentos. Outra reivindicação é a aquisição de materiais como medicamentos, agulhas e até produtos de limpeza.
De acordo com Wallace Fernando Cordeiro, diretor de assuntos jurídicos do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimento de Saúde Pública Estadual e Privado de Florianópolis e Região (SindSaúde), o salário caiu na conta dos funcionários por volta das 11h desta segunda-feira. Mas eles continuaram em greve até a quitação das multas.
— Fizemos uma reunião com a diretoria do hospital às 13h e eles sinalizaram que vão atender todas as nossas reivindicações. Estamos esperando a resposta por escrito para fazermos uma assembleia — diz o diretor, que também é funcionário do hospital.
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A enfermeira Caroline Gomes, 28 anos, trabalha há um ano e meio da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital. Ela conta que, além dos recorrentes atrasos de salários, os funcionários não estão conseguindo trabalhar pela falta de insumos e medicamentos básicos.
— A gente já vem há alguns meses tendo falta de material, como agulhas e seringas, mas agora, como agravou a crise financeira dentro da entidade, faltam coisas mais necessárias, como medicamentos. Isso é preocupante porque estamos colocando a vida da população em risco. Não é só pelo salário que estamos em greve, é por toda essa situação crítica.
O Samu, também administrado pela associação, está em estado de greve. Carlos Henrique Chuery, diretor do SindSaúde e enfermeiro do Samu, afirma que os servidores pedem, além dos salários atrasados, melhores condições de trabalho. Nesta segunda, às 19h, haverá uma assembleia da categoria para votar o início da paralisação. Depois disso, ocorrerá um ato em frente ao Ticen.
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Atendimento reduzido
Desde cedo, o setor de emergência, centro cirúrgico, ambulatório e administrativo estão com o atendimento reduzido. Hoje, por volta das 11h, quando a reportagem da Hora de Santa Catarina esteve no local, havia poucas pessoas esperando por atendimento. Uma delas era a auxiliar de cozinha Fernanda Branco, 28 anos.
— Eu concordo com a greve porque é preciso ter mais compreensão por parte do governo em todas as áreas, não só na saúde.
O que diz a SPDM
Em nota, a SPDM informa que os salários atrasados foram pagos nesta segunda-feira, após o recebimento de recursos financeiros pelo Estado. Sobre as multas por atraso de salários, a entidade afirma que elas sempre foram pagas, “sendo este um dos fatores do déficit do orçamento do Contrato de Gestão, uma vez que o Estado não recompôs estes recursos ao orçamento”.
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Segundo a instituição, o agravamento do desequilíbrio financeiro trouxe algumas dificuldades para a unidade, no entanto, as condições de trabalho são preservadas. A entidade não informou sobre a falta de medicamentos e insumos.
Hospital de Araranguá
Os funcionários do Hospital Regional de Araranguá, no Sul do Estado, entraram em greve no sábado (9) pela manhã. Os atendimentos no pronto-socorro e na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) não foram prejudicados e continuam com 100% do quadro de funcionários. Nos outros setores, apenas metade da equipe trabalha em regime de revezamento.
De acordo com a diretora do SindSaúde, Zenair Cauduro, a SPDM informou que não recebeu recurso o suficiente para a folha de pagamento.
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