Os servidores municipais fizeram mais uma assembleia na tarde desta segunda-feira (24) e votaram por manter a greve em Blumenau. A proposta de reajuste salarial apresentada pela prefeitura até foi aceita por parte da categoria, mas acabou rejeitada pela maioria dos trabalhadores presentes em frente ao prédio do Executivo municipal. A paralisação parcial dos serviços públicos começou em 4 de junho e já dura 21 dias.

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Logo após recusar o documento apresentado pela prefeitura, o Sindicato Único dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Blumenau (Sintraseb) submeteu e aprovou uma contraproposta de reajuste salarial. O planejamento prevê que a reposição do INPC, estimado em 5,07%, seja feita em cinco parcelas neste ano: 1% em agosto, 1% em setembro, 1% em outubro, 1% em novembro e 1,07% em dezembro.

O coordenador do Sintraseb, Sérgio Bernardo, admite a possibilidade de reajuste gradativo durante os próximos meses, mas alega que a categoria não aceita que parte da reposição da inflação ocorra apenas no próximo ano. Ele cita que outras cidades da região, como Gaspar e Itajaí, e os maiores municípios do Estado, como Joinville e Florianópolis, pagarão o INPC dos servidores ainda em 2019.

— A assembleia rejeitou a proposta por entender que o governo deveria cumprir o dever de casa, algo que não está fazendo. A categoria quer receber o índice de 2019 neste ano, não apenas em janeiro do próximo ano. Enquanto isso, a greve continua — afirma Bernardo.

Além da reposição do INPC, a contraproposta que será enviada pela prefeitura inclui que o reajuste do vale-alimentação ocorra na mesma proporção do salário. O sindicato ainda sugere que a reposição dos dias de greve ocorra de forma semelhante ao ano passado, mantendo o ano letivo de 200 dias e com a possibilidade dos trabalhadores usarem o banco de horas para compensação.

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"Não há condição nenhuma de mudar a proposta", afirma Mário Hildebrandt

Em entrevista no início da noite, o prefeito de Blumenau, Mário Hildebrandt, afirmou que mantém o diálogo aberto com os servidores, mas que a prefeitura não tem condições financeiras de mudar a proposta apresentada na manhã desta segunda-feira. O planejamento do Executivo municipal é repor 0,75% na folha de pagamento de agosto, 0,75% em outubro, 1,5% em dezembro e os 2,07% restantes em janeiro.

Hildebrandt explicou que a proposta apresentada pela prefeitura deve causar impacto de R$ 3 milhões neste ano, valor proveniente da economia causada por mudanças na estrutura administrativa da prefeitura. Da mesma forma que o sindicato cita locais que pagarão o INPC neste ano, o prefeito destacou que o governo do Paraná, por exemplo, não repassa o índice da inflação desde 2015 por conta das dificuldades financeiras enfrentadas pelo poder público.

— Se isso acontecer (repasse integral neste momento), podemos ter problemas na folha e o servidor pode ficar sem o salário de novembro ou dezembro. Essa é a minha responsabilidade e preocupação, até porque temos diversas outras áreas e serviços que precisamos garantir ao longo deste ano — destaca.

Para garantir aos servidores que conseguirá repassar em dia o salário do funcionalismo neste ano, a prefeitura prevê antecipar o pagamento de julho para a próxima sexta-feira, dia 28 de junho. A previsão é que uma parcela do 13º também seja paga na data.

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Para não ter os descontos sobre os dias de greve, o servidor que retornar ao trabalho na terça-feira poderá assinar uma ficha para aderir ao plano de compensação de horas. Hildebrandt afirma que não será possível abonar os dias paralisados por determinação da lei, mas que o trabalhador terá sua condição de trabalho normalizada na folha de pagamento. Quem não assinar a folha, conforme o prefeito, terá os referidos descontos no próximo salário.

O saldo da greve nesta segunda-feira

De acordo com as informações repassadas pela prefeitura de Blumenau, o setor mais afetado pela greve nesta segunda-feira foram os postos de saúde. Das 74 unidades do município, 25 estiveram fechados pela adesão dos servidores ao movimento, enquanto 49 permaneceram abertas com atendimento total ou parcial à população.

Na educação, 40 escolas atenderam normalmente e outras seis de forma parcial. Entre os 77 Centro de Educação Infantil (CEIs) do município, 57 operaram normalmente, 19 de forma parcial e apenas um estava totalmente fechado.