Quatro moradores de Joinville foram alvos de investigação na última terça-feira (11), suspeitos de integrarem grupos neonazistas. Entre eles está um servidor público que trabalha como tradutor de alemão no Arquivo Histórico da cidade.
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A Polícia Civil não revelou a lista dos nomes envolvidos, mas a reportagem do AN apurou e confirmou que um dos investigados se trata deste servidor. Após a operação “Gun Project” acontecer, ele e os outros três alvos ainda não foram indiciados e estão em liberdade.
O servidor está afastado do Arquivo Histórico de Joinville e não há previsão de quando ele vai retornar aos serviços.
A investigação da Polícia Civil ainda aguarda perícias e deve seguir para novas fases nos próximos meses.
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Procurada pela reportagem do AN, a prefeitura de Joinville afirma que não vai se manifestar sobre o caso até a investigação ser encerrada. O município acompanha a situação administrativa de todos os servidores que passam por um processo de afastamento.
Defesa diz que servidor não é neonazista
A defesa do servidor público, por meio do advogado Juan Felipe Berti, procurou a reportagem do AN nesta sexta-feira (14) e, por nota, afirmou que o seu cliente não tem envolvimento com os grupos neonazistas.
Além disso, que não há qualquer elemento de convicção ou de prova que o ligue aos atos investigados e que acredita na Justiça para concluir que o servidor do Arquivo Histórico de Joinville é inocente.
Confira a nota completa:
“A defesa do servidor público do arquivo histórico de Joinville/SC, alvo de investigação sobre neonazismo, vem a público esclarecer que não há qualquer elemento de convicção ou de prova que o ligue aos atos investigados. A Polícia Civil cumpriu mandado de busca e apreensão na casa do servidor, não encontrando lá qualquer material que faça alusão ao objeto da investigação.
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Foram apreendidos 1 notebook, 1 tablet e 1 aparelho celular, todos utilizados exclusivamente para estudos e afazeres cotidianos. Serão realizadas perícias para extração de dados dos aparelhos, que demonstrarão a absoluta ausência de qualquer envolvimento do servidor nos atos investigados.
A defesa e o servidor público reforçam a sua inocência e aguardam com altivez a conclusão das investigações, depositando confiança nas instituições e na Justiça”.
Alvos em diversas cidades de SC
Investigados em Santa Catarina de integrarem grupos neonazistas foram alvo de busca e apreensão em uma operação interestadual deflagrada pela Polícia Civil catarinense na terça-feira. No estado, foram cumpridos mandados em Florianópolis, Blumenau, Joinville e Curitibanos.
Foram cumpridos 15 mandados de busca e apreensão ao todo, o que se estendeu a mais seis cidades divididas entre outros três estados: São Paulo (Praia Grande), Paraná (Curitiba, Maringá e Marialva) e Rio Grande do Sul (Nova Petrópolis e Passo Fundo).
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Foi recolhida com a operação uma grande quantidade de artigos de cunho nazista e extremista, quatro armas de fogo, munições, celulares e computadores. Além disso, dois suspeitos foram presos em flagrante, ambos fora de Santa Catarina.
Desdobramento de prisões em São Pedro de Alcântara
A operação é um desdobramento de uma ação da Polícia Civil que, em outubro do ano passado, prendeu oito pessoas em um encontro de neonazistas em São Pedro de Alcântara, na Grande Florianópolis.
Em março de 2023, mais duas pessoas haviam sido presas no Rio Grande do Sul. Em abril deste ano, todo o grupo teve concedida pela Justiça a soltura mediante uso de tornozeleira eletrônica.
A operação que deu início a toda a investigação, chamada de Gun Project, apurava a fabricação de arma de fogo com a utilização de impressora 3D por uma célula neonazista catarinense.
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A partir disso, descobriu-se que, em encontros presenciais, os investigados produziam propaganda neonazista e realizavam rituais de culto à doutrina hitlerista, em que se autointitulavam “a nova SS de Santa Catarina”. Com a prisão do grupo, foram identificadas agora células conexas.
A operação mais recente foi deflagrada pela Delegacia de Repressão ao Racismo e a Delitos de Intolerância (DRRCI), da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic).
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