Um servidor do Hospital Municipal São José, de 45 anos, foi indiciado nesta quinta-feira suspeito de tentar matar a mulher enquanto ela estava internada na UTI do Hospital Unimed. Segundo a investigação, o homem, cujo nome não foi divulgado, estaria desviando material do São José para aplicar injeções na mulher no horário de visita no outro hospital.

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O inquérito policial da Delegacia de Homicídios, encaminhado para 1ª Vara Criminal de Joinville, aponta dois crimes, de feminicídio tentado e peculato.

Atitude suspeita

De acordo com o delegado Wanderson Alves, a investigação começou no dia 24 de abril do ano passado. Naquele dia, a equipe médica do Hospital Unimed percebeu que, durante a visita do marido, o quadro clínico da mulher piorou subitamente: ela apresentou forte arritmia cardíaca e pressão arterial em níveis elevados. O corpo médico conseguiu reverter o quadro.

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No mesmo dia, os funcionários também surpreenderam o homem quando ele revirava o conteúdo da lixeira do quarto. Ao checarem o local, encontraram três seringas descartáveis de padrão diverso ao utilizado pelo hospital. Os médicos encaminharam o material encontrado na lixeira e a bolsa de soro utilizada pela mulher naquele momento à Polícia Civil para análise.

Após uma série de exames, ficou demonstrado que o líquido encontrado na seringa e na bolsa de soro era uma droga analgésica a base de alfentanila, largamente utilizada em ambiente cirúrgico hospitalar.

– Esta substância é mais forte do que morfina – afirmou o delegado.

Em depoimento, o médico responsável pela paciente informou que aquele medicamento não foi ministrado no tratamento da mulher, fazendo com que a equipe médica desconfiasse do marido. Esclareceu, ainda, que o homem indiciado é técnico em enfermagem da instituição de saúde pública, por isso possuía fácil acesso a medicamentos e a seringas idênticas àquela encontrada na lixeira.

A investigação

Segundo o delegado, a investigação reuniu elementos robustos mostrando que a vítima apresentava severa piora em seu estado de saúde sempre após as visitas do marido.

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– De igual modo, antes do período de internação, a vítima mostrava forte oscilação de seu estado de saúde, condizente às reações medicamentosas externas – relata o delegado, acrescentando que a mulher ficou internada três meses e hoje passa bem.

No transcorrer da investigação, a Delegacia de Homicídios, cumprindo ordem judicial de busca e apreensão na casa do homem, apreendeu medicamentos e utensílios de uso restrito desviados do hospital em que o investigado trabalha, inclusive seringas idênticas às apreendidas no hospital particular. O hospital público reconheceu o material.

Posição do Hospital São José sobre o caso

Em nota, o Hospital Municipal São José informou que afastou o servidor preventivamente das atividades e solicitou abertura de Processo Administrativo Disciplinar (PAD) à Secretaria de Gestão de Pessoas logo que o estabelecimento foi notificado, no dia 7 de julho deste ano.