Uma porta lacrada no subsolo da secretaria de Estado da Fazenda quando o órgão ainda funcionada no Centro de Florianópolis, selava o cofre do Tesouro do Estado. Poucas pessoas sabiam da existência daquela porta e ninguém podia informar exatamente o que havia por detrás dela.
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Ela só foi descoberta quando uma comissão de cinco servidores da Fazenda, em 2002, recebeu a missão de levantar todos os documentos que tramitavam ou tramitaram pela pasta. Após conseguirem autorização junto ao Tesouro, a equipe destrancou o cofre e se deparou com antigos documentos de diferentes períodos do governo catarinense.
Apaixonado por história, Edson Prazeres, um dos membros da equipe, foi o único a se debruçar sobre aqueles antigos papéis. No meio deles encontrou títulos, letras, apólices, notas promissórias e outros documentos do Estado.
– Pra alguns, aquilo não passava de um amontoado de papel velho. Mas para mim, eram fragmentos da história do Estado – conta ele.
Prazeres e os colegas fotografaram o local e em seguida notificaram José Abelardo Lunardelli, então secretário da Fazenda, sobre a descoberta. Lunardelli, empolgado com a revelação, deu aval para a criação de um memorial na sede da secretaria, que ficou sob responsabilidade de Prazeres. Os documentos e relíquias ficaram disponíveis para visitação pública até 2003, quando o prédio onde ficava a sede da Fazenda foi cedida à prefeitura de Florianópolis.
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Sem um espaço físico para exposição, Prazeres teve que levar o material para casa. No meio do caminho, alguns itens se perderam. Hoje os documentos estão engavetados em uma pequena sala no centro administrativo do governo do Estado.
– Sempre lutei para que o memorial voltasse a existir. São objetos históricos que deveriam estar abertos ao público. Minha ideia seria agregar o memorial ao programa de educação fiscal e permitir que jovens estudantes aprendam sobre a história da Fazenda por estes documentos – diz Prazeres.
Atualmente ele coordena o memorial online que foi lançado em 2012 junto com o novo site da Fazenda. Lá estão publicadas uma galeria com fotos de todos os secretários desde 1918, obras de arte digitalizadas e os selos sobre papel que eram usados em atos e papéis que tramitavam pelas repartições do Estado. Prazeres, entretanto, sonha mesmo com o retorno do memorial físico e espera que isso aconteça antes da aposentadoria.
– A última visita que fiz ao cofre do Tesouro me deu um aperto no coração. Uma construção ao lado da prefeitura ocasionou uma infiltração no edifício. As paredes estão apodrecendo. Ali é preciso um reparo emergencial – comenta.
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*Colaborou Upiara Boschi