As medidas da Assembleia Legislativa para acabar com os funcionários fantasmas ainda têm brechas. O Diário Catarinense flagrou um servidor comissionado que trabalha como motorista de van escolar.

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André Rodrigo Pamplona estava lotado no gabinete da liderança do PSDB desde março deste ano no cargo de assessor de liderança e com salário de R$ 2,4 mil. A cidade sede onde o servidor deveria prestar os serviços seria Palhoça. As informações foram obtidas no Portal Transparência da Assembleia.

Nos dias 15, pela manhã e tarde, e 16 de agosto, durante a tarde, o DC acompanhou a rotina do funcionário buscando e levando crianças para uma escola em Palhoça. O relatório de atividades do servidor, também disponível no site, informa que, naqueles dias, ele havia prestado assessoramento em assuntos administrativos e políticos. O documento não detalha as atividades e os horários em que o funcionário teria trabalhado.

O deputado Dado Cherem (PSDB), líder da bancada e que responde pelo gabinete onde Pamplona estava lotado, disse que ficou surpreso e decepcionado, e determinou a exoneração assim que foi procurado pela reportagem. Dado não soube dizer qual tucano da bancada indicou o servidor comissionado, mas afirmou que isso não teria importância para a exoneração.

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– Quando a Assembleia resolveu tomar uma postura em relação ao funcionalismo, aquilo, pra nós, foi muito emblemático – disse o parlamentar.

No ano passado, dias antes de uma denúncia feita pela RBS TV de funcionários fantasmas na AL, o presidente Gelson Merisio (PSD) determinou a realização de uma auditoria e, depois, assinou um acordo para a implantação do ponto eletrônico. Os servidores que não trabalham na sede deveriam preencher um relatório das atividades realizadas diariamente.

– Em função das medidas, isso (a identificação de fantasmas) se torna possível e de rápida resolução – afirmou.

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Sobre a falta de informações detalhadas nos relatórios de atividades, Merisio admitiu que é uma deficiência do sistema e que será corrigida.

– Relatório tem que dizer aonde foi, o que estava fazendo, para poder ser acompanhado. Criamos todos os mecanismos para não ter ninguém que receba sem trabalhar e vai se aprimorando os mecanismos – afirmou.

“Trabalho para a liderança”

Pamplona diz que as atividades que realizava tinham horários flexíveis e que estava à disposição dos parlamentares sempre que chamado.

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DC – O senhor é funcionário da Assembleia, onde é seu local de trabalho?

Pamplona – Eu sou funcionário externo, entendeu, eu cumpro horário externo.

DC – Que tipo de serviços o senhor realiza, exatamente?

Pamplona – Eu marco evento, eu dirijo, às vezes pego pessoas no aeroporto. Eu assessoro os deputados. Eu trabalho para a liderança. Eu acompanho às vezes os deputados em eventos, tiro fotos, levo documentos, um monte de coisa. Eles fazem uma solicitação pra mim eu tenho que estar lá.

DC – O senhor tem horário fixo?

Pamplona – Geralmente eu trabalho à tarde.

DC – Como o senhor concilia o trabalho da Assembleia com a van?

Pamplona – O escolar eu sou licitado, eu participei de uma licitação pra mais de 10 anos. Na Assembleia eu sou funcionário externo, eu tenho horário flexível, eu trabalho à noite, à tarde. Trabalho até domingo. Quando eu fui convidado para trabalhar com o partido, eu fui na prefeitura perguntar se era ilegal, porque eu já era do transporte escolar, e eles disseram que podia aceitar.

DC – Nós acompanhamos, por dois dias, o senhor trabalhando no transporte escolar, mas no relatório da AL consta que o senhor estava prestando serviços aos parlamentares, é isso mesmo?

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Pamplona – Como eu falei, meu horário é flexível. Eu resolvo coisa de manhã, à tarde, à noite. Isso não vai dar em nada, é um tiro no pé.