A escolha do novo líder da Igreja Católica, por si só, já atrai os olhares de todo o planeta para o Vaticano. Na quarta-feira, quando o argentino Jorge Mario Bergoglio foi eleito novo papa, cerca de 1,1 bilhão de católicos reverenciaram o arcebispo de Buenos Aires. No Brasil, país com maior numero de católicos do mundo, o momento foi ainda mais significativo para a Serra Gaúcha.

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Segundo o último censo do IBGE, de 2010, dos 20 municípios brasileiros com maior percentual de católicos, 18 são gaúchos. Destes, oito se localizam na Serra. Assim, na região, os rumos que a Igreja adota ganham importância maior. A religiosidade está inserida na tradição e na cultura da população, principalmente pela herança advinda dos imigrantes italianos, pioneiros na colonização da região.

– Os italianos trouxeram essa fé para cá, e muitos padres vieram acompanhar. A tradição de ir à missa todo domingo, fazer a primeira comunhão, a crisma, de levar todos os ritos da Igreja adiante passou de avô para filho, neto, de geração em geração, e isso ainda se mantém – diz Luiza Iotti, doutora em história e diretora do Instituto Memória Histórica e Cultural da UCS.

Mas ter sido batizado ou se declarar da religião não faz de ninguém um fiel. Na realidade, o conceito se refere às práticas de cada indivíduo. Ser atuante nos ritos não significa, necessariamente, ter uma espiritualidade acentuada.

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– Católico praticante é aquele que tem uma experiência profunda e passa a encaminhar seus dias levando em conta a necessidade do cultivo da alma. Se alimenta da leitura bíblica, da oração individual e da participação na celebração litúrgica e se engaja em ações que visem à promoção humana – sintetiza o frei Jaime Bettega.

Segundo ele, ter fé em Deus ou em uma força espiritual maior, como alguns podem preferir, é algo benéfico quando a devoção é espontânea, mas de forma que não interfira e nem prejudique a vida pessoal. A religião passa a ser prejudicial quando atinge excessos. O correto é adotar uma postura moderada, “nem tanto ao céu, nem tanto à terra”, como define Bettega.

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