O turismo na Serra Catarinense vive o ápice da ocupação nas semanas mais frias do inverno, como a última, em que as temperaturas chegaram a -8 °C na região. Os registros de geada e sincelo dos últimos dias, e até de neve, como ocorreu no final de junho, levam multidões de turistas aos locais mais altos e gelados em busca de sentir um clima europeu em pleno solo catarinense. Mas os 18 municípios que compõem a Serra de SC planejam uma diversificação das atrações turísticas. A intenção é garantir visitantes durante todo o ano, com diferentes intenções de passeios.
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A região concluiu no início deste ano um Plano de Desenvolvimento Territorial do Turismo. O documento faz um diagnóstico da estrutura que a Serra de SC oferece hoje e quais os objetivos para os próximos anos. O estudo propõe um posicionamento da região como destino diversificado, com aposta em cinco áreas que podem levar diferentes perfis de visitantes à região: ecoturismo, enoturismo, turismo de aventura, desportivo e rural.
Esse desenvolvimento do turismo depende de questões como novos investimentos. Um deles teve um avanço anunciado na última semana. O projeto de uma rua coberta em Urupema, nos moldes da existente em Gramado, na Serra Gaúcha, foi apresentado pelo município ao governo do Estado e ganhou apoio da Santur.
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O espaço deve ficar em um complexo com um deck para observação de trutas, cabine fotográfica com termômetro e um novo passeio na praça central. O investimento é estimado em R$ 5 milhões e a expectativa do município é de que esteja pronto até o próximo inverno. A novidade seria uma forma de atrair investimentos em empreendimentos como restaurantes e lojas na cidade que no alto do Morro das Torres costuma registrar as menores temperaturas do Estado com cenas de geada e neve.
Para nós a grande necessidade é a pavimentação desse trecho, que vai facilitar também a ligação entre os municípios. Arildo Luiz Oderdenge , empresário do ramo de turismo e lazer na Serra de Santa Catarina
O turismo motivado pela degustação de vinhos, chamado de enoturismo, também é um forte atrativo da Serra de SC nesta construção de opções variadas aos visitantes. Os vinhos de altitude, produzidos apenas na região, e as visitações a vinícolas de cidades como São Joaquim são algumas das opções para os amantes da bebida. Na última semana, a Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) aprovou uma lei que cria uma rota turística em cidades que produzem vinhos de altitude e propõe um passaporte para divulgar as visita – ções aos turistas.
A assessora de Turismo da Associação dos Municípios da Região Serrana (Amures), Ana Vieira, afirma que essa diversificação já vem ocorrendo no turismo da Serra de SC. Segunda ela, Urubici e Bom Jardim da Serra, por exemplo, já conseguem atrair visitantes durante todo o ano com atrações de ecoturismo ou turismo de aventura. Em outubro, a região deve lançar um site oficial da Serra de SC como destino turístico, e as atrações serão divididas por estação do ano, justamente para mostrar aos visitantes as possibilidades nas diferentes épocas.
– A iniciativa privada tem implantado locais de visitação ao ar livre, que podem ser visitados e são até melhores no verão. O poder público tem projetos para fomentar mais instalações de parques e espaços para visitação durante todo o ano – conta Ana.
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Expansão depende de melhorias em rodovias e acessos
O crescimento do turismo na Serra Catarinense também depende muito de investimentos na infraestrutura da região. A BR-282, que é o principal acesso a partir de Florianópolis, apresenta boas condições, mas outras vias importantes são tratadas como prioridade pelos municípios para permitir essa expansão.
O exemplo mais recente é a Serra do Rio do Rastro, um dos maiores cartões-postais do Estado, que fica entre Bom Jardim da Serra e Lauro Müller. A rodovia passa por obras de contenção avaliadas em R$ 21 milhões. Na semana passada, ficou fechada por cinco dias para a retirada de pedras que estavam soltas e representavam risco aos motoristas. Os trabalhos trazem transtornos temporários à Serra, mas são vistos pelo setor turístico da região como uma intervenção fundamental para dar segurança ao local.
Mas as melhorias em infraestrutura vão além das sinuosas curvas da Serra do Rio do Rastro. A Serra do Corvo Branco, que liga Urubici a Grão-Pará, em outra importante conexão Serra-Sul de SC, também é parada tradicional de visitantes que buscam as belezas naturais da região. O ponto também deve receber uma passarela de vidro entre as montanhas que servirá como mais um atrativo a quem visita a “garganta” do alto da rodovia. No entanto, o acesso ao local a partir de Urubici ainda tem cinco quilômetros de estrada de chão, e a rodovia em si no trecho de descida até Grão-Pará também tem pista estreita, sinuosa e em condições perigosas em vários pontos.
No final de maio, o governo do Estado anunciou a licitação para pavimentação dos nove quilômetros que faltam da Serra do Corvo Branco, onde está o trecho crítico e o paredão. Parte da rodovia já foi pavimentada, mas os trabalhos pararam em 2017 para revisão do projeto. A conclusão da obra é estimada em R$ 40,8 milhões e está na fase final de licitação, segundo a Secretaria de Estado da Infraestrutura.
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Em Urubici, uma das cidades que têm se destacado na oferta de atrações de lazer, o Morro do Campestre é um dos novos pontos que atraem visitantes pelo visual. Mas o acesso ainda é feito por sete quilômetros de estrada de chão, em um trecho da SC-370, que liga Urubici a Rio Rufino.
– Para nós a grande necessidade é a pavimentação desse trecho, que vai facilitar também a ligação entre os municípios – cobra o empresário Arildo Luiz Oderdenge.
No caso deste pedido de pavimentação da ligação entre Urubici e Rio Rufino, o governo do Estado informou que “o processo está em trâmite administrativo para, posteriormente, licitar a obra”. Outras melhorias como a pavimentação da Rota Caminho das Neves, entre São Joaquim e Bom Jesus (RS), e a via BJ-050, conhecida como Rota dos Cânions, que liga Bom Jardim da Serra ao Rio Grande do Sul, também são elencadas como prioridades no plano regional, especialmente por serem conexões com o estado gaúcho.
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Mas o reforço esperado em infraestrutura não está apenas nos acessos e rodovias. A proximidade com aeroportos é encarada como essencial para que a Serra Catarinense seja incluída nos roteiros mais comercializados de operadores e agências de turismo. Nesse sentido, a região pode ter um impulso importante a partir de setembro. A Azul Linhas Aéreas anunciou que pretende iniciar nesse mês a operação no Aeroporto Regional do Planalto Serrano, em Correia Pinto, a 30 quilômetros de Lages.
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A companhia projeta voos diários com aeronaves de até 136 lugares para Campinas (SP), centro de conexões da empresa com outras rotas.
– Este era um sonho de mais de 15 anos da Serra Catarinense. Vai beneficiar a indústria, comércio e para o desenvolvimento do turismo vai ser crucial. Poderemos receber grandes eventos econgressos, atrair turistas nacionais e internacionais. Muitos investidores chegarão à Serra – conta o empresário do ramo de hospedagem e presidente do Conselho de Turismo da Serra Catarinense (Conserra), Eliseu Farias.
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