Os municípios da Serra Catarinense chegam à época mais fria do ano com expectativa em alta pelo que tratam como um novo momento do turismo de inverno. A avaliação de gestores públicos da região é de que, após ter ganho projeção durante a pandemia, com turistas avessos às aglomerações em busca de um refúgio ao ar livre, a região chegou a uma fase de amadurecimento do setor.

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A aposta atual passa por reforçar a integração dos destinos serranos para consolidar toda a Serra Catarinense como uma referência turística, e não apenas uma ou outra cidade. Uma prévia disso foi vista ao longo das duas últimas semanas, em que milhares de turistas atraídos Planalto acima pela Festa Nacional do Pinhão, em Lages, se dividiram também entre passeios por municípios vizinhos, como em vinícolas, cânions e outras áreas ao ar livre.

— Hoje o trade de turismo vende muito mais a Serra Catarinense do que uma cidade isolada. O turista que veio para o parque [da Festa do Pinhão] à noite, ele foi fazer um salto em Urubici durante o dia, foi experimentar um vinho em São Joaquim, ver algum cânion em Bom Jardim. Então o turismo é muito mais integrado — diz Henrique Belling, diretor de Turismo de Lages, a maior cidade da região.

Ainda na ocasião da celebração com shows nacionais em Lages, o pequeno município de Urupema, por exemplo, promoveu um festival gastronômico, o Viva Suas Raízes, com programação concentrada no horário do almoço, justamente para atrair visitantes no contraturno da Festa do Pinhão.

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— Hoje eu não falo mais só em Urupema, eu falo em Serra Catarinense. É a bola da vez — resume o secretário de Turismo da cidade considerada a capital nacional do frio, Antenor Arruda.

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Ele diz que a integração dos vizinhos tem sido consolidada pela Associação dos Municípios da Região Serrana (Amures), que propõe iniciativas conjuntas, como as rotas cicloturísticas. A secretária de Turismo em Bom Jardim da Serra, Sandra Vieira, faz avaliação parecida ao falar da entidade.

— Nós somos 18 municípios [na Amures], e a integração fortaleceu muito nós todos, criou um roteiro mais forte. Vínhamos um pouco desorganizados. Agora não, agora, digamos assim, queremos respeito — diz a secretária da cidade que abriga o principal cartão-postal da região, a Serra do Rio do Rastro.

Além dessa aproximação, o amadurecimento do turismo na Serra tem passado também pelo processo crescente de profissionalização do que antes eram pequenos negócios adaptados.

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— A tendência agora é profissionalizar o turismo. A gente tinha municípios com grande potencial aqui que sequer tinham uma secretaria de Turismo até pouco tempo atrás. A gente vê pela iniciativa privada também: um investidor que chegava aqui antes para comprar um terreno não sabia como fazer isso, porque não tínhamos imobiliárias; hoje temos quatro. Então, a própria comunidade começa a acreditar nisso e investir — diz o secretário de Urupema, que ainda vê como gargalo do setor na cidade a situação das pousadas, em grande parte na zona rural e à espera de regularização.

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Já a secretária de Bom Jardim da Serra acrescenta que a expectativa pelo novo momento da região é reforçada também pelo recém-anunciado Estação Inverno, programa da gestão Jorginho Mello (PL) para promover o turismo catarinense no frio, o que se estenderá também para outras partes do Estado.

— A gente está com expectativa muito forte nisso, porque só existia o Estação Verão, e Santa Catarina não é só sol e mar. A Serra está disputando com força — diz Sandra Vieira.

A secretária-adjunta estadual de Turismo, Catiane Seif, diz que o plano é ambicioso: equiparar o turismo de frio no estado ao potencial já alcançado pelo setor no verão.

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— O nosso governador nos deu uma diretriz de tratarmos o inverno como uma estação tão proveitosa quanto o verão. Nós mapeamos 143 eventos nesse período [do Estação Inverno] para ajudarmos as cidades de maneira institucional, divulgando isso. E, claro, vamos construir políticas públicas em favor dessas cidades para que isso possa ser potencializado. Penso que, a médio prazo, não a curto e nem a longo, nossa Serra e o nosso turismo de inverno vão estar tão bem consolidados quanto o turismo de verão — avalia Seif, abaixo apenas do secretário Evandro Neiva na pasta de Turismo.

Nesta quinta-feira (15), Jorginho irá se reunir em Lages com gestores serranos para tratar do novo momento catarinense para o turismo de inverno, acompanhado de Neiva, e também do SC Levada a Sério, programa estadual criado em resposta ao extinto Plano 1000, da gestão de Carlos Moisés (Republicanos).

O encontro é aguardado com expectativa das prefeituras locais de retomada das obras hoje paradas, por entenderem que a infraestrutura é outro gargalo a ser superado para amadurecer o turismo serrano.

Correção: o programa criado pela gestão Jorginho Mello em substituição ao extinto Plano 1000 é nomeado SC Levada a Sério, e não SC Que Dá Certo, conforme apontava erroneamente versão anterior desta reportagem.

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