Por Júlio Boll
Sororidade (união entre as mulheres) é a melhor palavra para definir a série Assédio (NSC TV, 23h10min), produção da Globo que irá ao ar sempre às sextas-feiras, depois do Globo Repórter. Serão 10 episódios no total, que já foram exibidos pelo Globoplay em setembro do ano passado.
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O pano de fundo para a história é o caso do ex-médico Roger Abdelmassih que, em 2010, foi condenado a 181 anos após a confirmação de 52 estupros realizados por ele em sua clínica de inseminação artificial.
O fato foi contado no livro A Clínica: As Farsas e os Crimes de Roger Abdelmassih, de Vicente Vilardaga, que foi a inspiração para esta adaptação televisiva, escrita por Maria Camargo, com Bianca Ramoneda, Fernando Rebello e Pedro de Barros.
No seriado, Abdelmassih passa a se chamar Roger Sadala (Antonio Calloni), e em cada capítulo, a história de uma mulher vitimada é contada: Stela (Adriana Esteves), Eugenia (Paula Possani), Maria José (Hermila Guedes), Vera (Fernanda D’umbra) e Daiane (Jéssica Ellen) são algumas delas.
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O primeiro episódio
No estreia de Assédio, o público vai saber um pouco mais da história da professora Stela (Adriana Esteves). Casada com Homero (Leonardo Netto), Stela vive um casamento feliz e juntou suas economias para tentar na fertilização artificial a saída para o sonho de ter um filho. O ano é 1994, quando o casal vai ao consultório de Roger. A esperança vira desalento e escuridão quando ela, ainda anestesiada, é violentada pelo médico.
Para fazer a personagem, Adriana conta, por meio da assessoria de imprensa da Globo, que seu principal material de trabalho foi a empatia:
— Uma empatia com as mulheres e uma facilidade de me colocar no lugar daquelas que viveram aquelas situações. Este foi um elenco basicamente feminino, com atrizes fortes e que sabiam muito bem as mulheres que estavam apresentando ali — disse a atriz.

Enredo complexo
Na série, os ataques sexuais são denunciados pela jornalista Mira, vivida por Elisa Volpatto, que convence as vítimas a deporem no Ministério Público sobre as atrocidades sofridas. Por isso, a união e a coragem dessas mulheres é o ponto-chave da série.
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— Havia o depoimento de mais de 50 mulheres falando exatamente a mesma coisa. Isso não é importante? Fico toda arrepiada. A palavra era a única coisa que elas tinham e precisava ser validado. A palavra de uma mulher precisa ser validada na nossa sociedade — acredita Elisa.
Ela se preparou assistindo a filmes que envolvem jornalismo investigativo, como Spotlight (2016) e Todos os Homens do Presidente (1976).

Polêmica nos bastidores
O elenco ainda conta com Paolla Oliveira. Na produção, a atriz dá vida a promotora Carolina, inicialmente casada com o juiz Evandro (Ricardo Ripa), que é amigo de Roger. O casal se torna paciente do médico. No entanto, Roger e Carolina acabam se tornando amantes, e ela vira sua segunda esposa, após a morte de Glória (Mariana Lima).
Durante as gravações, no início de 2018, Paolla foi exposta seminua, por conta do vazamento de fotos tiradas nos bastidores da produção sem o seu consentimento. Segundo ela, em entrevista à revista Quem, no ano passado, o cinegrafista responsável por divulgar as imagens na internet é alvo de um processo.
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— O processo ainda está correndo. Não houve perdão, não tem por que ter. Se eu faço uma coisa, eu assumo, você também, e é assim. O processo foi junto com a Globo. A emissora também foi prejudicada nisso — conclui.