O uruguaio Sergio Ramirez já não é mais o mesmo de outros tempos. Ele já não tem mais o mesmo pique com o qual perseguiu Rivelino no Maracanã, em um amistoso de seleções, na década de 1970. Também já não é aquele treinador que atrai os holofotes, repassando ordens com um cone perto da boca para amplificar a sua voz. Mas se tem algo em Ramirez que não mudou é a vontade de vencer sempre.

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Em 2006, quando era o comandante do JEC, ele deixou escapar a chance de ser campeão justamente contra o Figueirense, adversário desta decisão. Mas agora, como coordenador técnico do Tricolor, ele sonha com um final diferente para esta história.

Aos 62 anos, experiência é o que não falta para o uruguaio. E é com ela que ele pretende ajudar o JEC a buscar o título que bateu na trave há oito anos. A lição mais importante que ele aprendeu e quer repassar para os comandados do técnico Hemerson Maria é de que o mais importante neste tipo de confronto é conseguir um bom resultado no primeiro jogo, dentro de casa.

Na final de 2006, o JEC viu a vantagem de 2 a 0 diminuir aos 44 minutos do segundo tempo, quando o Figueira descontou e conseguiu a injeção de ânimo necessária para o jogo da volta. Na Capital, quando o Figueirense saiu na frente do marcador, o Tricolor levou um banho de água fria e não se recuperou.

Outro ensinamento que Ramirez tem para oferecer é que o Figueirense não deve ser encarado como um bicho-papão. Desde 1994, jamais um time da Capital que chegou à decisão saiu derrotado _ exceto nas vezes em que a final envolveu Avaí e Figueirense, evidentemente.

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O último a impedir que isso acontecesse, em 1993, foi justamente Ramirez. No comando do Criciúma, levou a melhor sobre o Figueira.

AN – O que você tem para falar hoje para o JEC antes dessa decisão?

Sergio Ramirez – Eu acho que o elenco está muito seguro e tranquilo, por tudo aquilo que ele tem mostrado durante a competição. Agora, é o momento de manter a tranquilidade e a força. O Joinville vai ter que se prevalecer da força de sua torcida no primeiro jogo. É preciso fazer um bom resultado dentro de casa para que fora não aconteça que nem naquela vez. Em 2006, estávamos ganhando por 2 a 0 e tomamos um gol no fim, terminando em 2 a 1. A vantagem, que era boa, diminuiu.

AN – Se pudesse fazer algo diferente em 2006, o que teria feito?

Sergio Ramirez – Nós tivemos a oportunidade de abrir uma vantagem e não aproveitamos. Não tivemos o capricho de fazer o resultado em casa, e é isso o que temos que fazer aqui. Mas o time está jogando muito bem. Defensivamente, está muito seguro. Acredito muito que vamos buscar e consolidar este resultado em casa.

AN – Em termos de comparação, qual o mais forte: o JEC de 2006 ou o JEC de 2014?

Sergio Ramirez – Nosso time tinha alguns pontos fortes naquela época, principalmente nas duas laterais, com o Rafael Tesser e o Rodrigo Ninja. Mas esse time de agora é mais forte, é mais defensivo, com muitas versatilidades. O time de hoje tem seis homens atacando. Acredito que esse time tem mais chances de ser campeão.

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AN – Você foi o último técnico a fazer um time do interior superar um time da Capital na final. Há algum segredo?

Sergio Ramirez – Acho que em 1993, no Criciúma, tínhamos um time muito parecido com esse que tem hoje o Joinville. Era um time jogando praticamente com três atacantes. Essa rivalidade entre interior e Capital é muito sadia. Acho que o Joinville buscará não apenas quebrar esse tabu, mas vai conseguir o mais importante, o título. Este é o momento do time.

AN – Depois da vitória no quadrangular, o Joinville aprendeu a jogar contra o Figueirense?

Sergio Ramirez – Eu acho que sim. O Hemerson Maria tem sido muito detalhista e tem passado tudo isso para os atletas. O time tem mostrado um amadurecimento muito grande. O Figueirense é um rival de grande potencial. Mas eu aposto no Joinville. A estratégia de jogo do Hemerson é muito boa e os atletas assimilaram muito bem.