A cultura, as letras jurídicas e a literatura catarinense perderam ontem um dos seus luminares, o desembargador Norberto Ulyssea Ungaretti, 77, cujo humanismo, brilho de grande orador, “causeur” famoso e insuperável contador de histórias pontificavam, pela graça e pela elegância, no “chá das cinco” da Academia Catarinense de Letras, onde ocupava a Cadeira 40.
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Além de incontáveis trabalhos acadêmicos, deixou obras como professor de Direito Civil e Processual Civil e uma carreira pautada pela ética na vida pública, onde foi Secretário da Justiça, Presidente da Câmara Municipal de Florianópolis e do Tribunal de Justiça do Estado. Publicou “Laguna, um Pouco do Passado”, um hino de amor à sua terra e tinha pronto para publicação o primeiro volume da biografia completa de “Jerônimo Coelho, Vida e História”.
:: Causeur
Ungaretti tinha material e pesquisa já reunidos para um segundo volume da história do “patrono da imprensa catarinense” e sua palavra, sempre bem-humorada, iluminava o casarão da Avenida Hercílio Luz.
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Orador comparado a Jorge Lacerda – governador a quem serviu, muito jovem, como oficial de gabinete – e ao embaixador Edmundo da Luz Pinto, suas histórias pitorescas do mundo da política comportariam vários volumes.
Como o da abertura de um comício da antiga UDN, em que um prefeito provinciano escolhia adjetivos para obsequiar autoridades presentes, entre elas o governador, contemplados com vários “ínclitos, honrados, ímpares e veneráveis”. Acabou encontrando apenas um para anunciar o Secretário de Segurança:
– Autoritário senhor Secretário de Segurança Pública… – disse à autoridade que, fazendo jus ao cargo, cassou-lhe o microfone.
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