Festa na redação é algo muito raro. O lugar é de trabalho febril, o homem contra o tempo e à caça dos fatos. Anteontem, tive o privilégio de assistir a uma bela festa de confraternização e de reconhecimento de mérito. O “Diário” premiou seus profissionais – uma garotada elétrica e talentosa – por sua [performance] no ano e contou em clipes bem-humorados um pouco de sua história dentro da aldeia global de Marshall McLuhan.
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Repórteres, editores, designers, fotógrafos, colunistas, foram todos celebrados numa grande irmandade em que o sucesso de um foi o de todos – e muitos foram os heróis daquela bela festa. Para perseguir sua majestade,”a pauta”, eles entraram em presídios, revelaram a “constituição” de facções de facínoras dentro das cadeias, testemunharam os levantes de incendiários contra o Estado – fizeram-se candidatos a vários Prêmios Esso. Quanto maior o perigo ou o desafio da pauta, maior o empenho, a entrega, a dedicação.
Simpatizo muito com a definição de [jornalismo] criada por mestre Alberto Dines, um dos oráculos do velho “Jornal do Brasil”:
– [Jornalismo é a literatura sob pressão.]
No DC de hoje, jornalismo é a “investigação” sob pressão. É quase a “instantaneidade” sob pressão, pois não parece distante o dia em que o DC online vai dar a notícia “antes” dos fatos – o que já não seria jornalismo, mas profecia ou prestidigitação.
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Já é impressionante o mundo da interatividade entre meios de comunicação experimentada pelo DC, antecipando a verdadeira “fusão” prevista por Alvin Toffler em seu “As Mudanças do Poder”. Essa densa interpenetração de meios transforma os emissores individuais num [Sistema]: DC, Hora, CBN, RBS-TV, TVCOM, mais as edições On Line e sua “Bloglândia”. Todos convivendo e interagindo (e até partilhando pautas!) em tempo real. Formam nesta grande rede uma verdadeira “Videocracia”, inaugurando a “fusão de meios” e celebrando seus jovens jornalistas desse multimundo novo.
O homem se habituou a mastigar junto com o desjejum o único alimento capaz de lhe transferir poder: a informação. Esta é a grande vantagem de um jornal sobre, por exemplo, torradas amanteigadas ao amanhecer…
“Informação é poder”, já dizia em plena Idade Média o filósofo inglês Francis Bacon, muito antes de se transformar, sem querer, no universal recheio de um sanduíche fast-food.
É esse múltiplo jornal do século XXI que atravessa todas as manhãs a fresta de sua porta e sopra o Mundo para dentro de sua casa. Não deixa de ser impressionante como esse desejável intruso se inoculou nas artérias do ser humano, participando da vida do cidadão com a naturalidade dos vapores de um banho ou o frescor de um copo d’água.
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