Tenho o privilégio de, na primeira coluna escrita já dentro do novo milênio, estar substituindo o Roberto Alves nas suas merecidas férias. Gostaria, de coração, de me encher de otimismo e digitar linhas imersas em muita fé no esporte e, por extensão, na humanidade. Mas, diante do desfile de barbaridades que presenciei sábado à tarde durante a final do brasileiro, sou obrigado a refletir muito antes de azedar o início do ano 2001 com um otimismo, no mínimo, leviano após a torrente de falta de respeito com o ser humano protagonizada no estádio do Vasco. Dá, no mínimo, nojo ver pessoas sendo atendidas, estiradas no chão, pedindo socorro, clemência, ajuda e perceber a massa, ignara, na sua maioria querendo jogo, apelando por circo, fechando os olhos para a realidade. Foram poucas as excessões. Uma pena. A cara do Nacional Um torneio casuístico só poderia desembocar em coisa ruim. Acabam com rebaixamento, boicotam quem se insurge contra a elite – caso do Gama -, brigam entre si – rompimento do Vasco com o Clube dos 13 -, apostam na impunidade e colhem, é claro, o que plantam. A cara dos estádios A falta de segurança de São Januário e de infra-estrutura para grandes jogos é candente em 99% dos nossos estádios. Dê-se ingredientes para construir uma tragédia e os palcos brasileiros cumprem seu papel sórdido e mórbido. Isto que iniciou o novo milênio. A cara do árbitro Covardia é uma característica que é composta de várias nuances. Esperar por uma decisão do governador para encerrar o jogo? Curvar-se ao trogloditismo do Eurico Miranda querendo dar continuidade ao espetáculo? Não perceber que não havia garantia para sua integridade e dos atletas? Apressar o início da partida com pessoas sendo atendidas?. Ora, seu Oscar Roberto Godói, o senhor poderia ter saído com mais hombridade desta. Isto é covardia. A cara do Eurico Até para escrever dá nojo. Só de imaginar a cara deste Eurico Miranda já me causa asco, náuseas. Aqueles que lutam por um Brasil honesto, com respeito ao próximo, com observância das regras, com moral, com ética, solidariedade, só pode ter vontade de vomitar quando vê aquele projeto de ser humano mal acabado mandando evacuar o campo para continuar seu show obtuso e mal intencionado. Meu Deus, o cara estava preocupado com a renda! Atrás dele, os feridos sofrendo e o sujeito apressando os para-médicos para recomeçar o jogo. Argh! A cara dos atletas Alienados, para dizer o mínimo, é o que são os jogadores de futebol no Brasil. Ao invés de demonstrarem força e união, de se reunirem e admitirem que participam de uma farsa, sem condições de continuação, ficam feito gado, uns rindo em meio à tragédia, outros dando entrevistas, um bando de deslumbrados sem consciência social. E aquela volta olímpica ridícula, comandada pelo ridículo do Júnior Baiano e referendada pelo marrento do Romário? Um festival de atos vergonhosos para uma classe desunida e que carece, primeiro, de educação. A cara do desprezo Toda esta impunidade, esta inflação de violência, tudo se explica pela falta de valores éticos no mundo como um todo; no Brasil, em particular. Como explicar que pessoas não liguem para a dor de irmãos a poucos metros de distância? Pensarem em futebol, em espetáculo? É o desprezo para consigo mesmo. Não gostam do que são, não gostam de si mesmos, não podem gostar do próximo. A culpa? Difícil dizer, certamente o futebol, como esporte, não merecia tal caminho, tais seguidores. A cara do futebol Pipoca pelo mundo a falta de respeito com os preceitos esportivos. Não é só no Brasil que a violência e a falta de respeito com o próximo são evidentes. Estas hordas de hooligans, estas brigas na Argentina, as torcidas organizadas (organizadas para a baderna e para o conflito), os dirigentes inescrupulosos, esta avalanche de pessoas que não encontram um sentido na vida e fazem do esporte um cavalo de batalha, todas são dignas de dó.

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