O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), índice oficial de inflação do país, ficou negativo em junho, ou seja, apresentou deflação, queda generalizada de preços. A redução foi de 0,23%, sendo a primeira deflação no mês de junho desde o início do Plano Real e a primeira vista na base de dados desde 2006. O IPCA, no acumulado dos últimos 12 meses, apresenta uma taxa de 3%, abaixo do centro da meta e no limite inferior do intervalo de tolerância.
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Ao observar esse dado, é possível imaginar que as coisas ficariam melhores para os consumidores, já que a queda nos preços daria um alívio nas despesas. Os produtos alimentícios consumidos em domicílio apresentaram queda significativa de 0,93%, sendo que cem dos 153 produtos que fazem parte deste grupo tiveram seus preços reduzidos. Como os alimentos representam uma boa parte da despesa dos consumidores brasileiros, este fato é realmente relevante.
No entanto, o desemprego aumentou consideravelmente nos últimos dois anos por conta da diminuição da atividade econômica e, hoje, gira em torno de 13% da população economicamente ativa. O salário real, em 2016, apresentou uma queda de 2,3%. De janeiro a maio deste ano, ele cresceu na mesma proporção (2,3%), o que demostra que o rendimento médio real do trabalhador voltou a níveis do fim de 2015.
É fato que a estabilidade de preços é algo bom e que auxilia os que têm menos renda por conta da manutenção do poder de compra, já que eles não conseguem se proteger da inflação como aqueles que têm maior renda. Inflação não é boa para ninguém, mas é inegável que o efeito dela é maior entre os que detêm menos renda.
Agora, é preciso esperar os próximos passos da economia e como o Banco Central atuará com política monetária. Qual será a contaminação gerada por mais abalos políticos no país e como empresas e consumidores encararão o fato de que no ano que vem há novas eleições.
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Tudo aponta para um cenário de grande incerteza e mais turbulência. Para quem esperava um ano de 2017 razoavelmente melhor do que os dois últimos, resta se contentar com algo apenas ligeiramente melhor.
*Fabiano Dantas é economista e professor em Joinville
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