Sensível à questão da ordenação de homens casados, favorável à maior participação das mulheres na Igreja Católica e inclinado a adotar o nome de Paulo VII ou algum outro que seja composto e tenha Paulo entre eles.

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É esse o perfil de dom Odilo Scherer – cotado para ser o novo papa – traçado por Flávio Scherer, irmão do religioso, e pelo padre Antônio Aparecido Pereira, vigário episcopal para as comunicações na cúria paulistana, que trabalha muito próximo do cardeal.

– Ele certamente olharia com carinho a possibilidade de homens casados serem ordenados e de mulheres terem mais espaço, não a ponto de serem ordenadas. Também seria um papa próximo do povo. Ele gosta de rezar missa em igrejas pequenas, gosta de ir ao encontro dos leigos, a quem certamente daria mais espaço – analisa padre Antônio.

Sobre a suposição de adoção do nome Paulo, padre Antônio diz que, na expectativa de ser eleito papa, dom Odilo estaria inclinado a adotar o nome de Paulo VII porque é arcebispo de São Paulo e poderia homenagear o nome da cidade que lhe deu projeção. O motivo alegado pelo irmão é que dom Odilo é devoto de São Paulo. Aos risos, Scherer falou sobre preferências clubísticas do irmão ilustre:

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– Eu não queria dizer, mas ele é são-paulino, e esse seria um outro motivo mais de brincadeira, é claro. E vou te dizer, então: no Rio Grande do Sul, ele é colorado. Mas não espalha.

Fé e apostas no centro de cidade

Ontem, em São Paulo, foi um dia de céu azul, sol forte e muita emoção na área contígua entre a Catedral e da Praça da Sé. Era meio-dia quando uma missa de 50 minutos foi celebrada para o conclave em geral e para dom Odilo em especial.

O bispo dom Sérgio de Deus Borges, que celebrava a missa, citou o “momento tão bonito de escolha do santo padre” e procurou demonstrar isenção quanto ao conclave. Uma fiel convidada a subir no púlpito foi mais específica.

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– Que o Senhor acompanhe nosso arcebispo e cardeal – disse ela.

Eram cerca de 200 pessoas dentro da igreja e outras dezenas na praça, onde, entre meninos de rua e vendedores ambulantes, alguns idosos conversavam e preparavam uma aposta sobre quem seria o indicado pela fumaça branca do Vaticano.

Entre seguidas genuflexões, na terceira fila da igreja, a pedagoga Francisca Morais, 40 anos, explicava seu choro pela fé.

– Chorei porque é um momento histórico na igreja. E rezei muito por dom Odilo. Não para que ele seja eleito, mas para que seja feita a vontade de Deus – emocionou-se Francisca.

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O radialista Laércio Silva, que dificilmente comparece à missa do meio-dia, rezava para dom Odilo ser eleito. Assumia a torcida:

– Seria muito importante, não só para o Brasil, mas para toda a América Latina.

O franciscano Félix Cativo de Jesus Hóstia, 23 anos, acompanhado de dois irmãos de formação, comentou:

– Viemos aqui pela ocasião do conclave, mas queremos que se faça a vontade de Deus. Será uma felicidade se for o nosso pastor (dom Odilo).

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A mesma expectativa da Sé existe com força na cúria e na residência do arcebispo, na Luz. Todos, explícita ou veladamente, rezam para ter o pastor gaúcho do arcebispado paulistano como papa de todos os católicos.

Acompanhe a cobertura do enviado do Grupo RBS ao Vaticano

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