Cibele Garrido Godoy, 31 anos, jornalista. Mãe da Bruna, sete anos, e do Lucas, um ano e 10 meses, publica textos em seu perfil no Facebook

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Sempre sonhei me dedicar em tempo integral à primeira infância dos meus filhos. Da primeira vez, não foi possível. Da segunda, foi. Alguns fantasmas me assombravam. Um era a Dona Nenê, personagem da série A Grande Família: me transformar na dona de casa com avental sujo de ovo e bobes no cabelo. O outro era o ninho vazio, com crianças indo pra escola, brincando, crescendo e eu com 40 anos, sem nada de mais relevante do que os filhos na biografia.

Os fantasmas apareciam quando eu estava na feira, comprando ingredientes pra papinha que fazia questão de cozinhar, e lembrava que outras mulheres naquela mesma hora estavam pilotando um avião ou chefiando uma multinacional. E eu ali, entre a beterraba e a mandioquinha. Mesmo dividindo isso com o meu marido, juro que pensei que esse tempo sendo “só” mãe seria um período de doação a eles. Me enganei. Aprendi muito nesses dois anos em casa. Ao contrário do que se poderia supor, nunca estive tão por dentro do mundo lá fora.

Não quis fazer com que eles se adaptassem à minha vida com horários e compromissos de adulto. Eu é que me adaptei ao colorido da vida deles. Sentei no chão, brinquei e aprendi. O recolhimento me levou a repensar a carreira e a vida. Descobri talentos que não sabia que tinha e decidi mudar de profissão. Estou voltando às atividades aos poucos com uma energia que jamais tive. O dia a dia em paz, participando da rotina dos filhos, me fez construir uma estrada firme para o futuro.

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