Ariel Castro foi condenado à prisão perpétua nesta quinta-feira pelo sequestro e estupro de três jovens por uma década, durante uma audiência marcada pelo testemunho comovente de uma das vítimas e a defesa confusa do sequestrador de Cleveland.
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Ariel Castro nunca deixará a prisão, declarou o juiz Michael Russo ao anunciar a condenação, sem possibilidade de liberdade condicional, do ex-motorista de ônibus, que se declarou culpado para escapar da pena de de morte por 937 acusações, incluindo estupro e homicídio agravado -por ter interrompido várias gravidezes de uma de suas reféns.
– Eu não sou um monstro, eu sou uma pessoa normal. Estou apenas doente – se defendeu Castro, vestindo o tradicional uniforme laranja de presidiário.
Durante seu depoimento ao juiz, Ariel Castro, de rosto redondo coberto com uma barba marrom e óculos retangulares, virou-se ocasionalmente para Michelle Knight, de 32 anos, uma das três vítimas presente no tribunal.
– Eu sei que eu estou 100% errado, mas eu acho que eu sou viciado em pornografia a ponto de me tornar impulsivo e de não saber que o que eu faço é errado. Eu sou viciado, como outros são dependentes do álcool -declarou antes de pedir perdão a suas vítimas.
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– Eu realmente sinto muito. Vocês todos sabem o que aconteceu naquela casa”, acrescentou, voltando-se para o juiz:
– Eu quero lhes dizer que não havia harmonia nesta casa.
“Inferno para a eternidade”
– Eu nunca bati nessas mulheres, eu nunca as torturei – assegurou o sequestrador, firme em suas declarações desconexas.
– A maioria das relações sexuais que aconteceram naquela casa, quase todas, foram consentidas. Dizer que eu as forcei é completamente errado, houve até mesmo momentos em que elas pediram.
Suas declarações se seguiram ao comovente testemunho de Michelle Knight, que contou ao tribunal, em lágrimas, o “inferno” que viveu na casa de Cleveland, após o seu rapto por Ariel Castro.
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– Eu vivi onze anos de inferno, agora o seu inferno está apenas começando – prometeu ao seu agressor, enxugando as lágrimas.
– Eu vou superar o que aconteceu. Você viverá no inferno por toda a eternidade – disse ela, lendo um texto preparado com antecedência. “Eu posso perdoar, mas nunca vou esquecer”, acrescentou, na frente de um impassível Ariel Castro.
– Eu viverei (…) enquanto você morrerá pouco a pouco a cada dia pensando nos onze anos e nas atrocidades que você nos infligiu – declarou.
Os policiais descreveram ao tribunal o horror que eles encontraram na casa de Ariel Castro.
A oficial de polícia Barb Johnson contou como ela descobriu as três jovens em cativeiro:
– Eu me lembro de um ambiente muito sombrio – relatou, ao falar da dificuldade em subir as escadas cheias de móveis empilhados e “cortinas pesadas”. Depois, Michelle Knight “literalmente se jogou nos braços” de um segundo policial e repetia sem parar:
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-Vocês nos salvaram, vocês nos salvaram’.
Michelle Knight, de 32 anos, Amanda Berry, de 27, e Gina De Jesus, de 23, foram sequestradas na rua em momentos diferentes quando tinham respectivamente 20, 16 e 14 anos. Durante os anos de cativeiro, elas eram constantemente espancadas e estupradas. Amanda Berry também teve uma filha, Jocelyn, nascida em cativeiro e com seis anos no momento da libertação. Testes de DNA confirmaram que Castro era o pai.