Uma das lesões mais comuns, a entorse do tornozelo assusta. Aproximadamente, uma a cada 10 mil pessoas por dia ao redor do mundo. É muita gente de fato. Mas trata-se de algo absolutamente compreensível, uma vez que a entorse de tornozelo mexe com a estabilidade da articulação, envolvendo principalmente a relação entre os ossos tálus, fíbula e tíbia, além dos ligamentos.

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O que é lesão entorse de tornozelo

A lesão mais comum está relacionada aos entorses laterais, nos quais um dos pés torce para dentro em relação à perna. Os movimentos que compõem esse mecanismo são os de inversão, supinação e flexão plantar.

Cabe frisar que, naturalmente, o tornozelo faz flexão plantar, movimento para cima e para baixo do pé. Esses movimentos laterais incluem mobilidade das articulações subtalar, talonavicular e calcaneocubóidea.

Em uma movimentação normal, a flexão plantar faz a adaptação do pé aos terrenos irregulares, por exemplo. No entanto, pode acontecer do pé virar até chegar ao limite do movimento do complexo subtalar. Quando isso ocorre, há a entorse do tornozelo, podendo acarretar a lesão ligamentar. Os sinais e sintomas da entorse de tornozelo são:

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  • Dor, principalmente ao dar pressionar o tornozelo afetado;
  • Limitação do arco de movimento;
  • Edema;
  • Aumento de temperatura local;
  • Presença de hematoma;
  • Contusão.
Dor, edema, instabilidade, novas torções, insegurança e falseios podem ser sequelas do entorse de tornozelo
Dor, edema, instabilidade, novas torções, insegurança e falseios podem ser sequelas do entorse de tornozelo (Foto: Banco de Imagens)

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Sequelas da entorse de tornozelo

Especialistas afirmam que mesmo com tratamento adequado, cerca de 30% dos pacientes que sofreram uma entorse de tornozelo mais grave podem manter-se com dor e edema. Além de certa instabilidade, que pode ocasionar novas torções, insegurança e falseios.

Por outro lado, diante de um tratamento que não avança ou não permite alcançar o melhor resultado, cabe ao médico revisar todo processo e protocolo de reabilitação. Esse movimento evita perda de tempo e consumo de recursos na busca de alterações clínicas, que não vão acontecer dado o quadro apresentado pelo paciente.

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Nesta situação, o médico deve investigar outras causas para a continuidade dos sintomas, tais como outras lesões e fatores preexistentes. A instabilidade persistente é outra sequela importante de uma entorse de tornozelo, podendo ser classificada em funcional e mecânica.

A instabilidade funcional ocasiona uma sensação subjetiva de insegurança, normalmente associada a uma deficiência proprioceptiva ou alteração neuromuscular. Ela geralmente pode ser tratada com exercícios nas sessões de fisioterapia.

Na instabilidade mecânica, há a perda dos elementos estabilizadores articulares, que podem resultar numa articulação instável às manobras do tornozelo.

No grupo de pacientes que apresentam instabilidade anatômica, a avaliação deve ser iniciada através de um exame físico com testes específicos. O objetivo é identificar qual ou quais os componentes são geradores da instabilidade. Dentre esses testes estão:

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  • Estresse em varo: avalia a instabilidade da cápsula lateral e o ligamento fibulocalcâneo;
  • Estresse em valgo: checa a instabilidade do complexo ligamentar medial;
  • Gaveta anterior: verifica a cápsula anterolateral e o ligamento fibulotalar anterior;
  • Gaveta posterior e rotação externa do tálus: avalia a sindesmose.

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O diagnóstico de entorse de tornozelo

Caso o paciente não consiga tocar o pé no chão, só um exame médico, realizado após a torção, pode trazer um diagnóstico preciso sobre a entorse de tornozelo. Este diagnóstico tem como base aspectos como inspeção cuidadosa, seguida da palpação de todos os pontos em que possa haver lesões associadas ao mecanismo do entorse.

Os achados relacionados a este exame vão culminar com a solicitação de exames complementares. E, possivelmente, no diagnóstico das lesões associadas a um tratamento adequado.

Logo após esse diagnóstico inicial, o paciente que teve a entorse deve ser reavaliado dentro da primeira semana após a primeira avaliação. Isso porque nesse período já deve ter ocorrido redução do edema e da dor. O que é fundamental para observar a resposta ao tratamento. Aí também é possível checar lesões associadas e não visualizadas no exame inicial.

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Os especialistas dizem que é de extrema importância entender que há variações na resposta que cada paciente dá às medidas iniciais prescritas pelo médico. Por isso, os tratamentos são individualizados, antecipando ou postergando o intervalo entre a primeira e a segunda avaliação. E até mesmo reavaliando seguidas vezes, conforme a necessidade do paciente.

Sempre é pertinente dizer que o diagnóstico da entorse de tornozelo é baseado principalmente na história do trauma e no exame médico detalhado. Após essa etapa, os exames de imagem devem ser solicitados. Radiografias em anteroposterior, perfil e mortis podem confirmar, por exemplo, a presença de fraturas ou desvios articulares.

Há outros exames auxiliares, como ultrassonografia, tomografia computadorizada ou ressonância magnética, que podem ser solicitados de acordo com a condição clínica e sintomas de cada paciente.

De todo modo, a ressonância magnética é o melhor método para avaliação de lesões de partes moles. Enquanto que a tomografia, apresenta maior detalhamento de lesões ósseas e fraturas.

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Classificação

Há algumas formas para classificar uma entorse de tornozelo. Atualmente, as graduações mais utilizadas são as que levam em consideração o número de ligamentos comprometidos. É a chamada classificação anatômica ou a classificação padrão da American Medical Association, que avalia a extensão do acometimento da lesão de ligamentos. Acompanhe!

  • Grau I (leve) – lesão do talofibular anterior, estiramento ligamentar;
  • Grau II (moderada) – lesão do talofibular anterior + fibulocalcâneo, rotura parcial dos ligamentos;
  • Grau III (grave) – lesão do talofibular anterior + fibulocalcâneo + tibiofibular posterior, rotura total dos ligamentos.
Treino de fortalecimento muscular é um dos tratamentos
Treino de fortalecimento muscular é um dos tratamentos (Foto: Banco de Imagens)

Tratamento para entorse de tornozelo

  • Uma torção leve pode ser tratada em casa da seguinte forma:
  • Manter o pé elevado;
  • Aplicar uma compressa de gelo ou de ervilhas congeladas na área afetada, deixando atuar durante 15 minutos;
  • Mexer os dedos dos pés para facilitar a recuperação e diminuir o inchaço;
  • Fazer alongamentos suaves com o tornozelo para melhorar a circulação sanguínea e a amplitude de movimentos.

Vale lembrar que na maioria das entorses de menor gravidade, as queixas duram entre 2 a 3 dias, até cerca de duas semanas nas entorses de maior gravidade. O tempo de recuperação para curar uma entorse pode ir de semanas a meses, dependendo da gravidade da lesão e do tratamento instituído.

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Entretanto, o melhor caminho para alcançar o resultado esperado, especialmente nos traumas de maior extensão, é a individualização do tratamento. Tendo isso em mente, há diferentes protocolos de reabilitação. Veja, a seguir quais são os mais usados:

Analgesia

Consiste no uso de gelo, analgésicos simples, anti-inflamatórios não esteroides e opioides. Trata-se de um controle álgico e um passo fundamental para a recuperação do paciente. Além disso, a analgesia é essencial para que a pessoa com entorse de tornozelo consiga realizar as outras etapas do tratamento.

Controle do edema

Essa etapa auxilia na recomposição da amplitude de movimento e na redução dos agentes inflamatórios locais, promovendo uma cicatrização de melhor qualidade. Para esse objetivo, recomenda-se o uso de gelo, elevação do tornozelo e compressão no local do edema.

Restauração da amplitude de movimento das articulações

Esse estímulo de mobilidade precoce em dorsiflexão, flexão plantar e movimentos rotatórios nos sentidos horário e anti-horário é crucial para estimular a cicatrização dos ligamentos com o colágeno de melhor qualidade. Além disso, reduz a rigidez articular, diminui a atrofia muscular, melhora a circulação venosa, diminuindo o edema e as chances de distrofia.

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Uso de botas ou tornozeleiras

Botas ortopédicas removíveis ou tornozeleiras permitem colocar uma carga controlada que pode ser suportada pelo paciente. A evolução para carga completa pode ser acelerada conforme a tolerância do paciente.

As respostas à carga são individuais e a conduta deve ser adequada conforme a resposta de cada um. De novo, cada caso é um caso. É preciso individualizar essa etapa também. Além de botas e tornozeleiras, o uso de andadores, muletas e bengalas pode auxiliar nessa fase.

Fisioterapia

Quem pratica uma atividade física sabe que o fortalecimento muscular é fundamental no tratamento e na prevenção de novos entorses. A fraqueza, principalmente da musculatura que faz os movimentos para fora, pode ser responsável pelo retorno dos entorses, perpetuação dos sintomas de insegurança ou dor.

É importante mencionar que combinar treino muscular a exercícios de propriocepção restaura e amplia as propriedades sensoriais neuromusculares. E tudo isso reduz o tempo entre estímulo neurológico e a resposta motora, prevenindo risco de futuras lesões.

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Treino simulado

Uma das últimas etapas para liberar o paciente para as atividades esportivas são os treinos de simulação do gesto esportivo. Eles objetivam refinar o treino de fortalecimento muscular e a propriocepção. Capacitando o paciente para um retorno mais seguro à prática esportiva usual.

Como prevenir a entorse de tornozelo?

Sim, é possível prevenir a entorse de tornozelo. Para isso, basta fazer alguns exercícios de força, usando uma faixa elástica, por exemplo. Neste caso, faça 3 séries de 10 repetições, de 2 a 3 vezes por semana.

Outra recomendação é realizar exercícios de equilíbrio, com a ajuda de uma almofada. Quem tiver pode usar uma mini cama elástica, disco de equilíbrio ou bosu.

Os exercícios devem ser iniciados com os dois pés, com a pessoa sentada em uma cadeira. Com o passar do tempo e facilidade na execução, é possível passar a apoiar apenas um pé e utilizar as superfícies mais instáveis e exigentes. Recomenda-se iniciar com séries de 30 segundos.

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