Depois de dias traumáticos e de incertezas, o alívio. Catarinense natural de Tubarão, Marcela Amândio é uma das pessoas atingidas pela enchete que devastou a Europa na última semana. Ela voltou da Alemanha para a cidade no Sul de Santa Catarina na sexta-feira (23) e busca, agora, com o carinho da mãe, forças para superar os momentos de tensão vividos em 14 de julho.
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Morando desde setembro do ano passado em Bad Neuenahr-Ahrweiler, capital do distrito de Ahrweileir, na Alemanha, Marcela conta que a situação continua a mesma de uma semana atrás: nada de luz ou água. A previsão é que a energia volte ao normal em torno de três meses.
— Isso [a falta de luz] foi um dos motivos que fizeram eu vir para cá [Santa Catarina]. Nos últimos dias recebemos a doação de água para nos virarmos, mas ultimamente estamos usando vela e refletores para garantir a energia. O banho é feito em caminhões, cedidos pelos órgão locais, com chuveiros. Meu marido disse que se sentiu na segunda guerra mundial — conta.
No país europeu, a catarinense mora com marido e a filha de 7 anos, que veio com ela para o Brasil. Na chegada ao Aeroporto de Florianópolis, foi impossível esconder a alegria em rever a família após a enchente.
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— O voo foi cansativo. Peguei três aviões. Mas logo que eu vi a minha mãe, tudo ficou melhor — relembra.

Rastro de destruição
No dia da enchente, Marcela estava em casa com a familía. A água invadiu o local e destruiu o que havia pela frente. Móveis ficaram cobertos de lama e o carro, que foi adquirido há dois meses, sumiu em meio à chuva. Ela contou que o marido retornou até a casa na sexta-feira (23) para tirar uma parte do barro que continua impregnado no chão.
— Ela [casa] está toda vazia. Na sexta-feira eles tiraram o barro com uma pá. Como agora parou de chover, está um barro seco e com muita poeira — conta.
No dia das chuvas, Marcela conseguiu salvar alguns aparelhos eletrônicos, além do dinheiro que havia reservado para uma viagem que sonhava em realizar com a família. Porém, o valor teve que ser utilizado para compra de roupas e outros itens perdidos com a chuva.
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“Sentimento de começar do zero”
Mas, apesar de ter passado mais de uma semana desde a enchente, a catarinense diz que ainda acumula traumas e lembranças do dia.
— Quando eu fico sozinha, começo a ficar ruim, com um sentimento de pânico, que passa quando eu tô com o pessoal. Também, ao pensar no que aconteceu, dá um sentimento de começar do zero — desabafa.
O plano é ficar até outubro em Santa Catarina. Questionada se, mesmo com a enchente, pensa em abandonar a Alemanha, Marcela é enfática na resposta:
— Pretendemos, sim, continuar na Alemanha. Nós lutamos tanto para isso, para garantir a educação para Olívia [a filha de sete anos]. Não vamos desistir agora.
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Chuvas deixaram quase 200 mortos
Segundo o último balanço divulgado na segunda-feira (19), ao menos 196 pessoas morreram nas inundações causadas pelas fortes chuvas na Alemanha e na Bélgica.
Na Alemanha, as cidades e vilas mais afetadas estão no vale do rio Ahr, onde fica a cidade onde mora Marcela e a família. Já na Bélgica, a região mais afetada é a Valônia, segundo informações do G1. Também foram registrados estragos na Holanda.
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